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OPINIÃO

AgitÁgueda: as ideias geniais precisam de ser sustentadas

2015-07-29 18:09:42

Foto SP

AgitÁgueda: as ideias geniais precisam de ser sustentadas

O AgitÁgueda é um sucesso. Os chapéus de sol coloridos têm resultado como estratégia eficaz de marketing urbano.
A “ideia”, a “invenção”, e a “marca” vingaram. O evento conta já com dez edições. A Câmara Municipal soube dar-lhes corpo. Está por isso de parabéns!
Milhares de pessoas visitaram Águeda, assistiram aos concertos, às animações de rua, à performance dos homens-estátua, às coreografias musicais, ao circo ambulante, ao convívio noturno nos bares e nas ruas, às atividades desportivas com o Rio associado (embora este ano sem espelho de água por causa das obras).
Os visitantes, entre muitos turistas estrangeiros, procuraram as melhores fotos no cenário das festas, utilizaram os restaurantes, as pastelarias e as lojas da baixa da cidade que têm feito um meritório esforço (que deve melhorar) de adaptação às características do evento.
O Cartaz deste ano (a 10ª. edição do evento) refere a música, a cultura, a gastronomia, a atividade desportiva ao ar livre e a partilha convivial entre os locais e quem nos visita, como elementos-chave do evento.
Fala-se este ano num investimento de 600 mil euros, mas os efeitos não contabilizáveis na economia local são inegáveis e devem ser potenciados.
É preciso atentar no que acontece noutros concelhos de que é exemplo o concelho de Óbidos num retrato elucidativo publicado no semanário Expresso de 18 de Julho deste ano.
Segundo o Presidente da Câmara Municipal de Óbidos, Humberto Moreira, - “Óbidos é um ecossistema criado para responder a um conjunto de interrogações: onde viver com qualidade de vida? Onde dar uma boa educação aos filhos? Onde me divertir?”.
Há um “projeto cultural integrado” em Óbidos que não passa apenas pela diversão, e que permitiu fixar e aumentar a população que cresceu 5% numa década.
Melhorou-se o parque escolar, deu-se mais autonomia às escolas e criou-se um Parque Tecnológico com 56 empresas (70% de ocupação).
Para o sucesso, contribui uma sucessão trimestral de eventos com ligação cultural estratégica: O “Mercado Medieval”, “O Festival Literário”, o “Festival Internacional do Chocolate”, a “Vila Natal”, a “Semana Santa” e um “Hotel Literário” em perspetiva.
No “Mercado Medieval” as associações locais também adquirem (por concurso) o direito a explorar um espaço na feira, e assim obtêm mais financiamento que de outra forma teria que ser público. Mas a montagem do evento “paga-se” com as receitas de bilheteira.
No caso do “AgitÁgueda” o evento é GRAPU (gratuito para o utilizador), e a avaliar pelas presenças, as associações participantes no recinto retiram da festa um enorme retorno. Ganham elas e ganha o Concelho. Este modelo de acesso gratuito é discutível mas tem sido garantia de sucesso. Veremos como evolui no futuro!
Por ocasião dos eventos há percursos de autocarro pelas aldeias do concelho, e Óbidos já é o 5º. destino em Portugal mais procurado por turistas de “qualidade” e não apenas de “quantidade”.
Apesar do sucesso, o Presidente da Câmara de Óbidos não deixa adormecer o conceito e a estratégia subjacente. Refere que - “as ideias geniais precisam de ser sustentadas”.
Há, no entanto, necessidade de reinventar o evento de forma contínua e capaz de gerar mais sinergias que permitam passar do puro consumo à produção de uma “ideia cultural para o concelho”, em eventual parceria com a d’Orfeu, as Bandas Filarmónicas e outras associações culturais, incluindo a iniciativa e o investimento privado dos cidadãos.
O consumidor do AgitÁgueda internacionalizou-se e vem pelo menos uma vez por ano a Águeda. Usufrui da coreografia do evento para belas fotos junto dos guarda sois coloridos mas também quer usufruir da gastronomia local (incluindo o leitão, por que não?), dos locais e das aldeias históricas do concelho, da paisagem e do património histórico e cultural de Águeda, cultivando o gosto de permanecer em Águeda por ocasião do evento.
São necessárias infra estruturas tais como alojamento hoteleiro, percursos de autocarro pelas aldeias e freguesias do concelho que devem estar associadas de alguma forma ao evento. É preciso “inventar” uma “Agitafreguesias”!
Não será difícil aproveitar o balanço e programar iniciativas nas áreas da literatura (feira do livro associada), do teatro e das artes plásticas, das exposições de pintura e de iniciativas sazonais nas Freguesias que tragam mais gente ao concelho, durante mais tempo.
Iniciativas como o “Estás em Barrô... Mexe-te!” ou o “Fermentelos Fest”, sem perderem a sua identidade, podem contribuir para a estratégia integrada de promoção do Concelho em torno de uma “ideia cultural”.
Mais do que promover o evento “AgitÁgueda” (que já é um evento urbano consolidado), é preciso promover uma “ideia cultural do concelho de Águeda” como destino cultural e turístico de referência. O AgitÁgueda é um excelente balão de oxigénio mas precisa de mais projetos e mais ideias associadas que estejam para além do fantástico mês de Julho que nos proporciona e a que ninguém fica indiferente. PAULO MATOS