Maria Santos Galhano .. A política em todo o lado
OS ESPELHOS PARECEM PARTIDOS
02 de julho de 2025
Por alguém que ainda acredita no princípio, mas desconfia do partido.
Nos tempos que correm, já não é o proletariado que perde as correntes. É a esquerda que perde o norte e às vezes o sul e o centro.
O colapso ético do PSOE é apenas o episódio mais recente de uma novela ibérica escrita em linguagem inclusiva, de punho cerrado ao vento, mas com personagens cada vez mais previsíveis e que cada vez menos dizem ao eleitorado. Sánchez, que há uns anos prometia ser o cavaleiro progressista da nova era, hoje cavalga no meio da lama institucional com a elegância de um elefante numa loja de porcelana.
Mas a tragédia, que é também comédia se deixarmos passar algum tempo, não fica do outro lado da fronteira. A esquerda portuguesa assiste, espantada, como quem vê o vizinho a tropeçar na escada e decide descer pela mesma de olhos vendados. Entre os que governam e os que fazem de conta que não governaram, reina a mesma obsessão: agradar a todos. O problema? A política, como a literatura, não sobrevive sem conflito. E um romance que tenta não ofender ninguém é apenas um anúncio publicitário.
A esquerda que nasceu para incomodar tornou-se perita em trocar convicções por consensos mornos, slogans por comissões, utopias por regulamentos. Denuncia o sistema, mas candidata-se entusiasticamente a fazer dele um marasmo.
Tenta ser radical e moderada, transgressora e responsável, marxista e… influencer. Resultado? Representa todos e ninguém, ao mesmo tempo.
Como diria Saramago, “somos a memória que temos”. Talvez o problema seja esse: há quem tenha perdido a coragem de se lembrar de onde veio, seja de esquerda ou de direita. E outros, pior ainda, já nem sabem se querem voltar.
Nos tempos que correm, já não é o proletariado que perde as correntes. É a esquerda que perde o norte e às vezes o sul e o centro.
O colapso ético do PSOE é apenas o episódio mais recente de uma novela ibérica escrita em linguagem inclusiva, de punho cerrado ao vento, mas com personagens cada vez mais previsíveis e que cada vez menos dizem ao eleitorado. Sánchez, que há uns anos prometia ser o cavaleiro progressista da nova era, hoje cavalga no meio da lama institucional com a elegância de um elefante numa loja de porcelana.
Mas a tragédia, que é também comédia se deixarmos passar algum tempo, não fica do outro lado da fronteira. A esquerda portuguesa assiste, espantada, como quem vê o vizinho a tropeçar na escada e decide descer pela mesma de olhos vendados. Entre os que governam e os que fazem de conta que não governaram, reina a mesma obsessão: agradar a todos. O problema? A política, como a literatura, não sobrevive sem conflito. E um romance que tenta não ofender ninguém é apenas um anúncio publicitário.
A esquerda que nasceu para incomodar tornou-se perita em trocar convicções por consensos mornos, slogans por comissões, utopias por regulamentos. Denuncia o sistema, mas candidata-se entusiasticamente a fazer dele um marasmo.
Tenta ser radical e moderada, transgressora e responsável, marxista e… influencer. Resultado? Representa todos e ninguém, ao mesmo tempo.
Como diria Saramago, “somos a memória que temos”. Talvez o problema seja esse: há quem tenha perdido a coragem de se lembrar de onde veio, seja de esquerda ou de direita. E outros, pior ainda, já nem sabem se querem voltar.