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Foto SP
Há alguns dias atrás, casualmente, reservei uns instantes – que nestes momentos são mais folgados – para “pesar” alguns dos atributos que, reconheço, também os tenho, como pessoa e como cristão e os quais tento pôr ao serviço dos outros também.
Fui elencando uma série de acções religiosas e sociais ou com hipótese de assim serem consideradas.
Estando ao lado um Amigo meu, ousei propor-lhe, a título de jogo, um breve e amistoso concurso, entre nós os dois, no qual, qualquer de nós enumeraria todas as condições e circunstâncias positivas, experimentadas desde novos até à idade actual de cada um.
Começaria eu – na mira de lhe esgotar a paciência, dando ele por terminado o desafio tão esquisito como ousado e ficando eu vencedor. Ou ouvi-lo-ia, depois, até que acabasse.
Tudo assentido e combinado.
Ah, dois gaiatos, ratões e observadores da verdade, seriam o júri de tal “liça”.
Ambos acordámos na escolha e o pleito teve o seu início. Nenhum de nós poderia interromper o outro, não havendo limite de tempo para ninguém.
Comecei eu. «Nasci numa família tradicionalmente cristã e, a tempo, ia à Missa, donde, às vezes, me escapulia para ir brincar, mas Deus não olhava a isso porque eu era pequenino e sem consciência – sobrolho carregado nos dois miúdos, na sua missão de júri . Andei na Escola e fui para o Seminário. Estudava sempre as lições e ajudava os outros – Hum ? ! ? !!!
Fui ordenado e comecei a nova vida com entusiasmo; obedeci quando achavam que devia estar aqui ou ali; trabalhava durante o dia e levantava-me de noite quantas vezes fosse solicitado para ir atender a doentes; comecei a sentir responsabilidades mais directas na medida do avançar da idade.
Nos primeiros anos de missão, fiquei convencido que o meu esforço era reconhecido – convencido !!! - ; o dia-a-dia era entendido como plena lufa-lufa, como se o mundo fosse curto em tempo e espaço – presunção e água-benta cada um toma a que quer!; visitei pobres e doentes, convivi com famílias e indivíduos e ia-me tornando conhecido no tempo e nas redondezas; descobri uma outra forma de estar com as pessoas – a arte de palco – que me iria levar a muitas viagens artísticas nos limites do território e em várias partes do mundo, onde se encontravam comunidades portuguesas emigradas; Ouvi e senti muitos aplausos que me faziam esquecer momentos menos positivos – vaidade! é só vaidade! -; Fiz procissões e celebrações de alguma pompa; procurei ver todas as pessoas como iguais a mim e entre si, sem deferência por ninguém; fiz por ser um fazedor de paz – o “júri”, com as suas mãozitas, afogou, em boca fechada, uma gargalhada marota e sarcástica, enquanto, com esse gesto silencioso e infantil, pensava e me chamava gabarola…- ; estou com as crianças e procuro aceitar os adultos, na sua justa medida…
Mais disse que aqui não refiro.
Comuniquei, então, ao meu “antagonista o termo da minha arenga.
Ele olhou para mim, de alto-a-baixo, silencioso e com ar de pena e misericórdia e apenas pronunciou: «Tanto fizeste e tão sem valor Toma! – Só te posso contraditar com esta verdade que apregoo com o facto supremo: – dei a Minha Vida, por inteiro, sem outra razão que não fosse o Meu amor por todos os “doentes” para que se salvem» - Toma, toma, ora toma!!! –
O meu amigo e, aqui, “antagonista” prostra-me e faz-me reconhecer o ridículo em que caio, de que até as crianças podem rir-se, e dizer: - Senhor, desculpa a minha prosápia e que eu reconheça que a minha acção não me pertence. Que eu cresça e Te possa fazer sempre presente por amor no coração do meu irmão.
Que as minhas mãos sejam o prolongamento da Tua mão. Amen!
- MANUEL ARMANDO