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Foto SP
l Temos então novo governo. Por mim, que sou dada a dinastias, diria que D. António Costa tomou de novo a coroa da governança. Não por sucessão dinástica mas por eleição republicamente democrática, sempre é mais legitimo do que "gabar-se" de geringonçadas.
Tratado de "pobre e mal agradecido" pelos outros partidos do triunvirato, não lhe auguro paz e sossego...
Mesmo com a sua mestria de dar volta à massa até os "pastéis" saírem bem... Com um aparelho propagandístico de primeira apanha até foi de admirar que o povão lhe não tenha servido em salva de prata uma confortável maioria absoluta. Não foi por a não ter pedido expressamente: o povão é que é sensato e lá deve ter concluído que meter a carne toda no assador era arriscado. Ou quem andasse mais indiferente à propaganda tivesse bem presente na memória as grandes desgraças, trapalhadas, vergonhas, dislates e corrupções, que a mãozinha do Rato tem-usualmente-como porta-bandeira. Há uma coisa que, reconheça-se, levam com toda a seriedade: a recolha de dinheiro e a superioridade moral de que se acham donos. Gaba-te cesta que vais para a vindima!
l E por ter falado no produto das uvas colhidas, consumido geralmente à mesa, aproveito para chamar à colação a salsa e o peixe do título: muito espalhafato para pouco sustento. Não me sai da cabeça o número de participantes deste "banquete" chamado governo. É de se ter uma congestão mesmo com o estômago vazio!
Setenta, sete vezes dez, 70 elementos! Setenta motoristas, assessores, gabinetes, viagens em serviço, computadores, telemóveis, mobiliário, secretárias, papéis timbrados, o escambau, como dizem os brasileiros dos quais, aliás, não aprecio nem o governo nem a sintaxe, mas que têm ainda assim termos e designações com piada. Enfim, setenta! Como dizia o outro: o que vale é que a Ordem é rica e os frades (todos nós!) são poucos e grande parte deles abstêm-se por falta de fé. Este aparato fez-me lembrar mal foi divulgado, a enorme embaixada que D. Manuel I enviou ao Papa há 500 anos. A embaixada acompanhava um elefante com que Portugal então no auge da descoberta do mundo queria presentear sua santidade. Houve nesta viagem original para oferta do paquiderme que ninguém tinha até então visto, na Europa, uma coisa muito divertida de que ainda hoje pagamos as favas... Mais devagar ou mais depressa lá foram portugueses e animal seguindo caminho para Roma, quando o elefante, mal, atravessada a comitiva para o norte de Itália, resolveu empanar numa birra a que ninguém conseguia por fim. Pânico entre os lusos: o Santo Padre estava à espera há que tempos e da prenda nem sinal! Faltava ainda percorrer dias de caminho e o bicho nem pr'à frente nem p'ra trás! Pôs-se a diplomacia do tempo em marcha: já que o presente de el-rei de Portugal ou por sua conta ou do seu sindicato decretou descanso, foi um grupo de bem-falantes a mata-cavalos para Roma a dar desculpas e satisfações ao sumo Portífice, que continuava à espera. Recebidas, compreendido e de certo abençoado, achou-se o grupo em forte aflição: e agora, que também ficamos à espera, o dinheiro para a paparoca e o abrigo? (Já passaram 500 anos e a situação parece ter imitado o elefante, não anda...). Sabendo da aflição pelo seu "staff" logo o Papa ordenou que aos portugueses dianteiros, ninguém levasse um chavo, quer para comer quer para dormir, nem outra coisa era de esperar do chefe de uma Igreja que prégava a mesericórdia.
Não consegui saber quantos dias levou a desempanar o elefante ou quanto tempo levou a chegar a Roma com a restante embaixada! Sei, de ler, que os diplomatas primeiro chegados comeram e dormiram à borla o tempo que foi preciso. Daí que ainda hoje na capital italiana se chama "portoquesi" dos caloteiros!
Acabo com um conselho aos meus compatriotas: já que o novo governo nos dá de prenda uma comitiva que nem a de D. Manuel ao Papa, não se preocupem tanto com os calotes onde tenha de ser, principalmente aos Bancos, que estes dividem por todos nós o que emprestam a quem tem os cofres bem forrados, tribunais que pagamos também, justiça que... para os grandes "ó malhão, malhão que vida é a tua?...".
Atenta, veneradora e obrigada!...
- LUISA MELLO