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OPINIÃO

OPINIÃO PRÓPRIA | Cristina Gameiro | Manobras na Casa Laranja

2020-01-14 16:51:01

Foto SP

OPINIÃO PRÓPRIA | Cristina Gameiro | Manobras na Casa Laranja

Com alguma variação no que diz respeito aos ingredientes a receita parece ser: fabricar uma guerra para esconder um escândalo.
A vida não está fácil para os partidos políticos, em lado nenhum e aqui na polis não há exceção. A culpa não é apenas de quem por lá anda mas também de quem assiste na bancada, como se o que vai acontecendo fosse coisa pouca e não tivéssemos nada a ver com aquilo e com aquela gente. O divórcio entre os cidadãos e a política é um exemplo de que a culpa nunca morre solteira. Enquanto cidadãos, vamos tendo “mais do que fazer do que perder tempo com esses tipos”, fazendo de conta que não são “esses tipos” que vão influenciando as nossas vidas de forma direta e indireta e, enquanto isso, eles fazem-no. “Esses tipos” tem sido quase sempre os mesmos apesar de já termos tido tempo de aprender que a “experiência” não é per si uma mais valia, sendo-o apenas se for boa e gerar frutos sãos.
A política devia servir para servir. Para servir todos e estar ao serviço de todos, não para ser servida só a uns e estar só ao serviço de outros. Acredito que haja quem ali esteja apenas para dar o seu contributo, para se dar, para pôr o seu valor acrescentado ao serviço do bem comum. Ainda acredito que haja quem não tente fazer exatamente o oposto, servir-se da política para ganhar um valor acrescentado.
Talvez por isso, recentemente renovei votos com o partido no qual me filiei há muitos anos. Fiz um esforço para sair da zona de conforto, aquela que fica algures entre as conversas de café e as esquinas das redes sociais. Regularizei os meus dados enquanto militante do PSD, apesar de todas as crises, morais, éticas e até ideológicas que o partido atravessa e, sobretudo, por causa disso mesmo.
Assisti, em campo, ao desenrolar dos preparativos para a última eleição da Comissão Política do PSD de Águeda. Logo à entrada, constatei desejos de indigitação e vislumbrei tiques de nepotismo, sem presunção nem água benta, em várias manobras na casa laranja. Percebi que estamos habituados a beija-mãos, a bênção de senadores e a um profundo desprezo por quem ouse subestimar, ao invés de percebermos que o que é preciso é saber estimar para se almejar ser objeto de estima.
Os atos eleitorais, como quase tudo na vida, estão sujeitos a regulamentos e a regras de conduta. Ora, a lista única apresentada a sufrágio não cumpria com o previsto no regulamento eleitoral do partido. Na lista apresentada na comunicação social e afixada na sede durante toda a duração da votação, sete elementos não reuniam condições para serem eleitos. Os militantes votaram uma lista que não foi a que veio a ser eleita. O “lapso” foi assumido, nas redes sociais, no dia seguinte ao do ato eleitoral, alegando “dificuldades” e sendo então apresentada uma lista corrigida.
O facto de se tratar de uma lista única podia fazer crer que se ia ganhar o “jogo” por falta de comparência de adversário mas não a, em momento algum, levar-nos a achar que podemos subverter as regras de um jogo. De facto, para 7 de Dezembro estava marcada a eleição de uma CP e não uma cerimónia de indigitações entre amigos.
Sou testemunha da impugnação apresentada pelos deputados municipais do PSD, que não se reveem na falta de clareza e transparência deste processo, depois de terem tentado sanar a questão, internamente, sugerindo a repetição do ato eleitoral.
Na política a transparência e a legalidade devem ser princípios fundamentais e pilares inabaláveis. Estou em crer que foi por isso mesmo que os deputados apresentaram um pedido de suspensão de mandato até ao parecer do Conselho de Jurisdição onde foi apresentado o pedido de impugnação.
Não me parece que esta “dificuldade na elaboração de uma lista” e que este “lapso no ato eleitoral” possam ser detalhes sem importância para quem é eleito para defender a legalidade e a transparência de vários processos e procedimentos.
Não sei, de facto, o que é pior e mais significativo - se fazer tantas asneiras em sequência, se não compreender a gravidade das asneiras que se fez. Esta mistura de impunidade e de in(im)putabilidade não dignifica os ideais, as ideias e, ainda menos, as pessoas.
É, portanto, de uma imaturidade e de uma candura, quase comovente, o comunicado tornado público pela CPC do PSD Águeda, que ainda sem sabermos da sua legitimidade, vem retirar a confiança política aos deputados e sugerir que renunciem ao mandato.
É uma manobra arrojada mas não necessariamente sensata e a política merece uma atitude mais “respeitosa e prudente” por parte de quem a povoa.
Receio que (mais) esta imaturidade perca a candura num plenário que seria pertinente marcar para que se perceba que na política, não pode valer tudo nem nos podemos valer de tudo para valer ou fazer valer alguma coisa.
A política é, na sua essência e no seu conceito, uma atividade altruísta, nobre e decente. O PSD está a tempo de, a nível local e também nacional, fazer com que a política seja exatamente aquilo que devia ser.
- CRISTINA GAMEIRO