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Foto SP
Há dez anos, os académicos desdobravam-se em conferências, dissertações, aulas e encontros onde tentavam explicar o futuro do jornalismo. A precariedade e os despedimentos, o imediatismo da notícia na Era Digital, as audiências contabilizadas ao minuto e o valor publicitário em queda permanente compunham a tempestade perfeita num setor que não é apenas uma profissão. Vistas bem as coisas, o jornalismo é vital para a higiene do nosso sistema democrático.
Volvida a década, está assente que o jornalismo não vai acabar, apesar da violência das transformações constantes nas diferentes áreas da comunicação. Aliás, se a praga das "fake news" teve algo positivo foi o acentuar da necessidade de escrutínio, mediação, investigação e verificação de factos. Não duvido que o bom e velho jornalismo é o mais forte entrave aos populistas, que se aproveitam do desespero da população e das (muitas) falhas de um sistema insustentável.
A crise dos media é transversal aos âmbitos nacionais e locais e o mercado não garante viabilidade económica. Aliás, a concentração de cerca de 70% das receitas da publicidade em apenas duas plataformas (Google e Facebook) é sinal de que chegou o momento de taxar os lucros, como já sucedeu em França.
Foi precisamente em Aveiro, durante as Jornadas Parlamentares de 2019, que o Bloco de Esquerda propôs um pacote de medidas que pode virar o jogo no que toca à sobrevivência do jornalismo. Destaco a atribuição de uma assinatura gratuita de imprensa generalista para estudantes; a eliminação do IVA nas assinaturas comerciais; e a reposição do porte pago, como forma de apoio à distribuição. Como se paga isto? Através da referida taxa sobre as mais valias geradas pelos "gigantes da internet", em território nacional.
O meu desejo para 2020 é que se atalhem os caminhos para um jornalismo mais forte e independente. Tenho gosto em poder escrevê-lo nas páginas de um órgão de comunicação social com imponência histórica, mas que, acima de tudo, tem sabido enfrentar as dificuldades atuais com empenho e criatividade. Por isso, e pelos recém-cumpridos 141 anos, parabéns Soberania do Povo.
- LUÍS GRILO