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Paulo Matos (Advogado)

A “INDECENTE E MÁ FIGURA” E A FALTA DE MEMÓRIA

2023-12-28 16:43:49

A “INDECENTE E MÁ FIGURA” E A FALTA DE MEMÓRIA

O país político vive numa nova bolha mediática com a realização de novas eleições legislativas depois da falência de uma maioria absoluta dum só partido.
A demissão do primeiro-ministro precipitada pela operação influencer foi aproveitada pelo próprio para obrigar à renovação interna no PS, a pensar numa reforma dourada num cargo europeu ou na presidência da República.
O partido socialista, que tem no Estado e no funcionalismo o abono de família do seu apoio político e social (sindicatos incluídos), habituou o país a regenerar os seus quadros, premiando-os apesar dos acidentes de percurso e dos casos de má figura desde os tempos de Sócrates.
Foi assim com Ferro Rodrigues, depois do caso Casa Pia, reabilitado para Presidente da Assembleia da República.
Foi assim com Fernando Medina reabilitado para Ministro das Finanças depois da derrota na Câmara de Lisboa.
É assim com Pedro Nuno Santos, depois da demissão do governo após o anúncio prematuro dum novo aeroporto à revelia do Primeiro-Ministro e de uma indemnização milionária (Alexandra Reis) despachada por whatsapp.
Até os candidatos à liderança do PS (José Luis Carneiro e Pedro Nuno Santos), que foram ministros do governo da maioria absoluta mais efémera da história da democracia, anunciaram num dia a mudança e, no outro, a herança do primeiro-ministro António Costa.
Façam o exercício de imaginar que tudo isto acontecia num partido de direita e questionem se tais reabilitações, manipulações da memória, ou ocultações de factos indecentes e de má figura seriam possíveis?
De resto, ainda hoje tudo o que acontece no país, com mais de 20 anos de governação socialista, ainda é culpa de Passos Coelho ou dos governos de Cavaco Silva, da pandemia, da guerra na Ucrânia, da conjuntura internacional, ou da guerra entre Israel e a Palestina.
Nada é da responsabilidade política dos governos do partido socialista, da máquina do Estado e de todos os que gravitam em torno dele.
O circo das venturas e desventuras do PS (com ou sem aliança de cumplicidade com o Chega), dos comentadores alinhados e dos assessores de comunicação da maior máquina de propaganda do regime cresceu com a vitória esperada de Pedro Nuno Santos, e tem feito as delícias de alguma comunicação social que, salvo honrosas exceções, parece obnubilar a crise no PS, virando o foco das atenções mediáticas para o caso das gémeas brasileiras e escolhendo a imponderação do Presidente da República como alvo.
A memória encurtou como nunca, e a amnésia é um estado de alma corrente.
Onde ontem havia demissões de ministros e secretários de estado, por “indecente e má figura” (nas palavras de Passos Coelho), há hoje uma espécie de renovação na continuidade, com os mesmos protagonistas de sempre, mais ou menos maquilhados com manobras de reanimação politica e de imagem, como se a história não deixasse marca.
O que todos parecem ter esquecido, no nevoeiro do politicamente correto, por entre uma rabanada e um fruto seco, é o empobrecimento generalizado do país, o aumento dos sem-abrigo e da pobreza envergonhada das classes médias fustigadas com a maior carga fiscal de sempre, a falta de crescimento endémico da economia, o caos nos hospitais com o fecho de urgências, a desordem na educação com a falta de professores, a crise de identidade da Justiça com a permanente suspeição sobre o trabalho do Ministério Público.
Neste tempo de amnésia coletiva que alimenta o populismo, será difícil comemorar sem dor os 50 anos do 25 de Abril como o regime merece e a democracia exige.
Feliz Natal e um Ano Novo próspero!