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Do alto das minhas octogenárias primaveras que em passo acelerado nos empurram para o Outono da vida, aceitei, na qualidade de diretor honorário de Soberania do Povo, o repto do diretor jornalístico, Augusto Semedo, para fazer o registo histórico da minha relação com este vetusto semanário:
• Na adolescência eu era leitor do jornal Independência de Águeda e, entusiasta das bicadas que davam ao governo cronistas, como Diniz Saraiva e outros baluartes da oposição, mas com a conturbada situação a que o país esteve exposto após abril de 1974, instalou-se nesse jornal uma orientação perseguidora a tudo e todos que não aplaudissem os excessos revolucionários que se viviam no País e, com aspirações a, arauto das liberdades, magoou a simpatia dos seus leitores, corroeu por dentro e, morreu na aurora da democracia - os radicalismos - têm destas consequências!
• A revolução de abril levou a que, alguns dos perseguidos de ressabiada esquerda seguissem outros destinos; também Manuel José Homem de Melo, antes de partir para o Brasil esperar que serenassem os ânimos, entregou ao amigo Horácio Marçal, pessoa da sua confiança, o seu Soberania atolado em dívidas e a carecer de remodelação profunda:
• O novo responsável, Marçal, fez dele uma SA, onde entrei como acionista e, com o valor feito nas ações, a nova administração, pagou as dívidas!
• Entretanto, aos poucos, o país ia-se encontrando e Manuel Alegre, depois do exílio, integrou o governo de Mário Soares, na pasta de Secretário de Estado da Comunicação Social. Nesse cargo esteve no restaurante em Óis da Ribeira, num jantar em sua honra, organizado por simpatizantes. Inscrevendo-se, todos tinham acesso - também lá estive - junto dos afetos ao Independência. Considerando reacionário o Soberania do Povo, a odiosa e empolgada oposição exigia o seu encerramento imediato, ao que Alegre respondeu, com um professoral conselho: - Encerrar jornais não é o papel do Secretário de Estado da Comunicação Social, mas sim evitar que eles encerrem. Prosseguindo, disse: - Façam melhor no Independência do que faz o rival e, naturalmente, Soberania acaba!
• Este é um jornal que nasceu no ocaso da monarquia, assistiu ao declínio; passou firme pelas turbulentas repúblicas do princípio do sec. XX, chegou ao Estado Novo e, apesar dos ataques sofridos, soube sempre adaptar-se e viver cento e quarenta e cinco anos, resistindo, heroicamente, a todas as ferroadas. Já o Independência, luzeiro da democracia que viveu cinquenta anos a fugir à repressão da ditadura, ironicamente, por culpa de radicalismos nas suas entranhas, morreu no berço da democracia!
• Pacatamente, SP fez o seu percurso a resistir a tudo, até aos males vindos de dentro; em 2005, pela maioria do capital fui nomeado diretor, traçando as linhas de conduta redatorial deste periódico que almeja ser de todos os credos, políticas e classes sociais, sem maldizeres, perseguições ou enxovalhos - um arauto de concórdia, não elemento de discórdia nem veículo de maléficos sentimentos. Paguei caro por isso mas conservei a consciência tranquila pelo dever cumprido!
• Na edição comemorativa do 145.º aniversário, neste textículo, deixo uma mensagem de apreço aos colaboradores que, honestamente, se dedicam à causa Soberania, gratidão aos contribuintes publicitários por ajudarem a manter esta chama viva, aos correspondentes cronistas e assinantes. Um obrigado pelo vosso contributo à longa vida do vosso jornal! Parabéns à Soberania!