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O ensino de cidadania contra o extremismo e a violência nas famílias, nos bairros, nas escolas, nas instituições com prorrogativas de força pública legítima, nunca foi tão necessário para transmitir aos cidadãos do futuro que não há democracia sem Estado de Direito, sem ordem, e sem liberdade.
A democracia, a segurança e a ordem, não são de esquerda nem de direita, são antes uma condição de liberdade. A menos que se defenda o primado da anarquia e do caos!
A cultura woke que “mistura causas justas com devaneios marxistas” nunca esteve tão ativa em Portugal, com importações dos estereótipos das “guerras culturais” dos Estados Unidos da América (EUA), sobretudo nalguns meios de comunicação ou nas redes sociais dominadas pelo “politicamente correto” que diaboliza as forças de segurança, ou cauciona a normalização sociológica dos “bandos”, constituídos por meia dúzia de marginais escondidos por detrás da pobreza material e de espírito, esta sim da responsabilidade coletiva de todos nós como sociedade.
Nas últimas duas semanas, nas televisões, discutiram-se até à exaustão as “causas” dos chamados bairros sociais “problemáticos” das periferias das cidades, e muito pouco se falou da carência de meios das polícias no combate ao crime, e nada ou quase nada sobre a prevenção e a educação para a cidadania nos bairros e nas Policias.
Assisti com muito agrado a uma única entrevista útil dum advogado negro, Leonel Gomes Cá, que lançou um projeto destinado a levar o ensino do Direito a um bairro social. Parabéns Leonel!
Como tudo podia ser diferente se houvesse mais iniciativas destas que se deviam replicar nas esquadras de polícia e nas redações dos jornais.
Tal não invalida o repúdio pelas intervenções musculadas, com violações da proporcionalidade e com os excessos de legítima defesa por parte de alguns polícias, muitos deles formatados nas catedrais do culturismo de ginásio, mas com pouca cultura de respeito pelos direitos humanos fundamentais.
Todavia, não é legítimo olhar para um polícia como um criminoso em potência, como não é legítimo estigmatizar um bairro como um covil de criminosos.
O debate foi extremista, porque dominado pelos extremistas da direita (do CHEGA) e da esquerda (do BLOCO), ambos populistas, ambos dominados pelo preconceito, seja da raça, da bandeira, do ódio, da classe social ou da claque do partido.
Os moderados, que defendem a democracia e o Estado de Direito, assistiram com infinita paciência às narrativas das duas manifestações de sinal contrário que ocorreram em Lisboa, uma pela defesa do cidadão falecido e outra pela defesa da Policia, como num combate de boxe, aos pontos, para no fim gritar pelo ajuntamento que trouxe mais gente.
À parte as narrativas de cada lado, constatou-se que de um lado se esgotaram os stocks de lenços palestinianos para trazer ao pescoço – o que de resto revelou bom gosto estético - e, do doutro lado, os coletes amarelos e azuis, num ajuntamento pífio com palavras de ordem de muito mau gosto ético.
Há um processo judicial com investigações em curso para apurar responsabilidades na morte do cidadão Odair cujo resultado ainda se desconhece. Mas todos sentenciaram palavras de ordem no meio da desordem como se não houvesse amanhã.
Uns e outros, no final do dia, para além da coreografia dos lenços e dos coletes simbólicos, pouco ou nada usaram a razão e, nem uns nem outros, estiveram lá pela defesa da democracia e do estado de direito em primeira linha.
Para além da triste morte do cidadão do Bairro (Odair), que apesar do cadastro é um ser humano com direitos e deveres fundamentais, e, para além do alegado excesso de legítima defesa do cidadão policial que, apesar da farda também é um ser humano com deveres e direitos, ficou a fragilidade da sociedade portuguesa perante o extremismo e a violência.