Pedro Ferreira .. Contra Fatos
EDUCAÇÃO E LIBERDADE
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou recentemente um relatório sobre o estado da educação em mais de 30 países, incluindo Portugal.
No que toca ao nível de competências de processamento de informação, a realidade portuguesa é alarmante. Cerca de 40% dos adultos portugueses encontra-se no nível 1 (no total são 5 níveis, sendo o nível 1 o mais baixo). Quer isto dizer que 4 em cada 10 portugueses apenas consegue "ler textos curtos para encontrar uma única informação declarada explicitamente".
E 77% não atinge o nível 3, considerado pela OCDE o nível minimamente adequado para processar informações escritas básicas e raciocínio numérico.
De facto, a proporção de portugueses nos níveis mais baixos de proficiência (níveis 1 e 2) é mais do dobro da média da OCDE. Comparativamente, o desempenho de Portugal é tão medíocre que pior só o Chile.
Em termos práticos, o que nos diz esta informação? E por que é tão relevante?
Se tanta população apenas consegue compreender o conteúdo de textos curtos, terá muitas dificuldades em perceber, por exemplo, o conteúdo de um aviso das finanças ou da segurança social, já para não falar do contrato da luz ou da água. Em suma, terá sérias dificuldades em compreender algo que vá para lá de um pequeno texto de um post do Facebook.
Se uma pessoa não consegue compreender a informação que lê, como pode fazer opções? Se uma pessoa não compreende uma notificação da Autoridade Tributária, como pode contestar? Se não entende um simples contrato de trabalho, como pode exercer os seus direitos? Se não compreende as regras do código da estrada, como pode conduzir?
O mesmo se passa com o raciocínio numérico. Se uma pessoa não compreende cálculos simples, como pode gerir o seu orçamento familiar? Como pode perceber quanto irá pagar em juros quando contrai (mais) um empréstimo? Como pode saber quanto recebe no fim do mês, depois de descontadas as obrigações legais? Como pode perceber quanto vai pagar (ou receber) de IRS?
Como se isto não bastasse, esta iliteracia tende a reproduzir-se. Um adulto que não compreenda textos tão curtos ou raciocínios lógicos simples, dificilmente se vai aventurar a ler textos mais longos. E, tal como os músculos tendem a atrofiar com a falta de exercício, sem o estímulo da leitura, a tendência é a capacidade de compreensão definhar cada vez mais.
O resultado é as pessoas ficarem fortemente limitadas na sua acção e nas suas opções. Quando não compreendemos a informação corremos o risco de não ter a capacidade – muitas vezes por desconhecimento – de perceber as opções e decidir em consciência. E quando não podemos escolher, porque desconhecemos as opções, estamos limitados no exercício dos nossos direitos e deveres.
É a liberdade que está em causa.
No que toca ao nível de competências de processamento de informação, a realidade portuguesa é alarmante. Cerca de 40% dos adultos portugueses encontra-se no nível 1 (no total são 5 níveis, sendo o nível 1 o mais baixo). Quer isto dizer que 4 em cada 10 portugueses apenas consegue "ler textos curtos para encontrar uma única informação declarada explicitamente".
E 77% não atinge o nível 3, considerado pela OCDE o nível minimamente adequado para processar informações escritas básicas e raciocínio numérico.
De facto, a proporção de portugueses nos níveis mais baixos de proficiência (níveis 1 e 2) é mais do dobro da média da OCDE. Comparativamente, o desempenho de Portugal é tão medíocre que pior só o Chile.
Em termos práticos, o que nos diz esta informação? E por que é tão relevante?
Se tanta população apenas consegue compreender o conteúdo de textos curtos, terá muitas dificuldades em perceber, por exemplo, o conteúdo de um aviso das finanças ou da segurança social, já para não falar do contrato da luz ou da água. Em suma, terá sérias dificuldades em compreender algo que vá para lá de um pequeno texto de um post do Facebook.
Se uma pessoa não consegue compreender a informação que lê, como pode fazer opções? Se uma pessoa não compreende uma notificação da Autoridade Tributária, como pode contestar? Se não entende um simples contrato de trabalho, como pode exercer os seus direitos? Se não compreende as regras do código da estrada, como pode conduzir?
O mesmo se passa com o raciocínio numérico. Se uma pessoa não compreende cálculos simples, como pode gerir o seu orçamento familiar? Como pode perceber quanto irá pagar em juros quando contrai (mais) um empréstimo? Como pode saber quanto recebe no fim do mês, depois de descontadas as obrigações legais? Como pode perceber quanto vai pagar (ou receber) de IRS?
Como se isto não bastasse, esta iliteracia tende a reproduzir-se. Um adulto que não compreenda textos tão curtos ou raciocínios lógicos simples, dificilmente se vai aventurar a ler textos mais longos. E, tal como os músculos tendem a atrofiar com a falta de exercício, sem o estímulo da leitura, a tendência é a capacidade de compreensão definhar cada vez mais.
O resultado é as pessoas ficarem fortemente limitadas na sua acção e nas suas opções. Quando não compreendemos a informação corremos o risco de não ter a capacidade – muitas vezes por desconhecimento – de perceber as opções e decidir em consciência. E quando não podemos escolher, porque desconhecemos as opções, estamos limitados no exercício dos nossos direitos e deveres.
É a liberdade que está em causa.

