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OPINIÃO
VIOLÊNCIA JUVENIL
A violência juvenil, seja autodirigida ou contra terceiros, está a aumentar tal como confirmam as notícias dos últimos dias. É urgente percebermos o que está a acontecer com a saúde mental nesta faixa etária, de que forma devemos contribuir não só individual, como coletivamente.
Sabemos que os jovens se encontram numa fase de desenvolvimento com inúmeros desafios físicos, psicológicos e emocionais e que são, naturalmente, mais influenciáveis pelos colegas, tal como pelas figuras de referência - sejam próximas ou digitais.
O perigo destas influências passa pela normalização de comportamentos de violência e desrespeito por si e pelos outros, sem que haja pensamento crítico.
A violência pode ser física, psicológica, emocional, sexual e digital. E, muitas vezes, por medo ou vergonha, os jovens acabam por se isolar e não pedir ajuda aos adultos à sua volta.
Alguns fatores de risco são: a existência de padrões de conflito / violência na família; a falta de diálogo e de supervisão; a insatisfação com a escola; a existência de episódios de bullying; a exposição a consumos de álcool, drogas e a armas; dificuldades económicas; o isolamento e/ou uso abusivo das tecnologias; problemas de saúde crónicos; e comportamentos sexuais de risco.
Outros sinais aos quais devemos atentar são: relatos de insatisfação com a vida/contexto específico; tristeza aumentada; alterações no sono /apetite; maior irritabilidade/intolerância às chamadas de atenção/críticas/sugestões; medo de certos lugares ou pessoas; aparecimento de lesões físicas; discurso alusivo a morte; regressões no comportamento; desmotivação face a atividades de lazer; e dificuldades no relacionamento com os outros.
Por detrás destas manifestações há um pedido de ajuda latente.
A prevenção e intervenção são da responsabilidade de todos nós e enquanto assim não pensarmos, dificilmente haverá mudanças positivas.
É urgente sensibilizar e educar, através da implementação de programas educativos, criar espaços de diálogo e redes de apoio multidisciplinares acessíveis que aproximem os jovens, ao invés de os afastar.
Às famílias deixo um especial apelo à empatia, ao afeto e tempo de qualidade com os vossos filhos. E, cima de tudo, ao exemplo que querem ser!
QUERES A MINHA REFORMA, CARREGA COM A VIDA QUE TIVE!
A França está a viver um período de fragilidade ministerial. Que decepção quando os que nos governam mostram ter os mesmos defeitos que qualquer um e utilizam as armas mais condenáveis. Antes de cair como primeiro-ministro, François Bayrou ainda tentou arranjar um bode expiatório para a dívida nacional: a geração dos "boomers", os nascidos entre o fim da Segunda Guerra Mundial e 1960.
Não escapou a ninguém a confissão de impotência, tanto mais que o próprio faz parte da dita geração e que, apesar de tudo o que fez para ser ministro, não consta que tivesse tido a ideia que iria trazer a solução milagrosa — o que faz duvidar da verdadeira razão pela qual quis o lugar de primeiro-ministro para terminar a carreira.
A geração do baby boom foi — e ainda é — tida por favorecida. Mas afinal, em que é que o foi?
Teve emprego? É verdade!
Não se preocupou com o meio ambiente? É verdade!
Mas também teve muito pouca proteção social, muito poucos meios de comunicação: nada de telemóveis, nada de internet...
Só que, no fundo, o que o ministro focava eram as reformas da dita geração do baby boom — e aí deu para recordar outros discursos: os de quem não saiu de Portugal perante as reformas dos emigrantes que regressaram ao país.
E vem à ideia a frase: "Queres o meu lugar, carrega com...". Sim, é verdade que as reformas dos emigrantes são confortáveis em relação às dos que trabalharam toda a vida em Portugal — mas será que se mediu o custo?
Partir nos anos sessenta significava exilar-se num país cuja língua não se dominava, cortando com a vida social, trabalhando de sol a sol todos os dias da semana, amealhando cêntimo a cêntimo na esperança de poder regressar o mais rapidamente possível. Em consequência: vida de família inexistente, filhos criados sem quase contacto ou diálogo com os pais, desprezo no país de acolhimento — e, muitas vezes, no país de origem.
Vejamos: quem quereria essa existência? Porque, afinal, ao querer a reforma deles, teria de se aceitar a vida que levaram.
Bayrou, mais valia ter ficado calado! A geração baby boom teve as suas dificuldades e vantagens, como as outras gerações têm as delas. De que serve apontar culpas? As dificuldades aparecem e temos de enfrentá-las — porque viver é isso mesmo: resolver os problemas que surgem.
TRABALHAR MENOS PARA PRODUZIR MAIS
O modelo de trabalho de 4 dias por semana tem sido um tema cada vez mais presente. Este modelo desafia o paradigma tradicional da produtividade, segundo o qual mais horas de trabalho significam mais e melhores resultados.
Os testes que têm sido realizados em alguns países demonstram precisamente o contrário: trabalhar menos gera mais resultados. Assim à primeira impressão, parece um pouco paradoxal. No entanto, ao analisarmos melhor, conseguimos encontrar uma explicação para este "fenómeno".
Mas antes disso, importa perceber primeiro o porquê de ter surgido esta ideia que parece longínqua para muitos ou impensável para outros. Atualmente, o ritmo acelerado e as longas jornadas de trabalho têm levado cada vez mais pessoas ao esgotamento físico e mental, devido à pressão constante por resultados, aliada à falta de tempo para descansar e desconectar, o que faz com que muitos trabalhadores se sintam exaustos, desmotivados e menos produtivos.
Como referi anteriormente, alguns países como Portugal, Austrália, Canadá, Reino Unido e Irlanda têm vindo a testar este modelo e, segundo estudos já realizados, este acarreta melhorias significativas na saúde física e mental dos trabalhadores bem como nos resultados financeiros das organizações.
Quando os colaboradores têm mais tempo para descansar, cuidar da sua saúde e dedicar-se à vida pessoal, tendem a regressar ao trabalho mais motivados e focados.
Assim, a redução do número de dias laborais não significa uma diminuição da produtividade. Esta redução não é apenas uma questão de horários. É uma mudança profunda de mentalidade, que implica reconhecer que o tempo de descanso é também um investimento na qualidade do trabalho.
O futuro do trabalho dependerá não de fazermos mais, mas sim de fazermos melhor. O trabalho de quatro dias por semana não resolve todos os problemas do mundo laboral, mas obriga-nos a repensar o valor do tempo e até a nossa própria vida.
Num mundo que glorifica a pressa, é imprescindível repensar-se num modo de vida mais agradável e menos stressante. O trabalho não tem de ser um fardo para a vida, mas sim uma oportunidade para crescer e viver em equilíbrio, onde o trabalho seja uma parte significativa, mas não a totalidade da nossa existência.
EDUCAÇÃO E LIBERDADE
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou recentemente um relatório sobre o estado da educação em mais de 30 países, incluindo Portugal.
No que toca ao nível de competências de processamento de informação, a realidade portuguesa é alarmante. Cerca de 40% dos adultos portugueses encontra-se no nível 1 (no total são 5 níveis, sendo o nível 1 o mais baixo). Quer isto dizer que 4 em cada 10 portugueses apenas consegue "ler textos curtos para encontrar uma única informação declarada explicitamente".
E 77% não atinge o nível 3, considerado pela OCDE o nível minimamente adequado para processar informações escritas básicas e raciocínio numérico.
De facto, a proporção de portugueses nos níveis mais baixos de proficiência (níveis 1 e 2) é mais do dobro da média da OCDE. Comparativamente, o desempenho de Portugal é tão medíocre que pior só o Chile.
Em termos práticos, o que nos diz esta informação? E por que é tão relevante?
Se tanta população apenas consegue compreender o conteúdo de textos curtos, terá muitas dificuldades em perceber, por exemplo, o conteúdo de um aviso das finanças ou da segurança social, já para não falar do contrato da luz ou da água. Em suma, terá sérias dificuldades em compreender algo que vá para lá de um pequeno texto de um post do Facebook.
Se uma pessoa não consegue compreender a informação que lê, como pode fazer opções? Se uma pessoa não compreende uma notificação da Autoridade Tributária, como pode contestar? Se não entende um simples contrato de trabalho, como pode exercer os seus direitos? Se não compreende as regras do código da estrada, como pode conduzir?
O mesmo se passa com o raciocínio numérico. Se uma pessoa não compreende cálculos simples, como pode gerir o seu orçamento familiar? Como pode perceber quanto irá pagar em juros quando contrai (mais) um empréstimo? Como pode saber quanto recebe no fim do mês, depois de descontadas as obrigações legais? Como pode perceber quanto vai pagar (ou receber) de IRS?
Como se isto não bastasse, esta iliteracia tende a reproduzir-se. Um adulto que não compreenda textos tão curtos ou raciocínios lógicos simples, dificilmente se vai aventurar a ler textos mais longos. E, tal como os músculos tendem a atrofiar com a falta de exercício, sem o estímulo da leitura, a tendência é a capacidade de compreensão definhar cada vez mais.
O resultado é as pessoas ficarem fortemente limitadas na sua acção e nas suas opções. Quando não compreendemos a informação corremos o risco de não ter a capacidade – muitas vezes por desconhecimento – de perceber as opções e decidir em consciência. E quando não podemos escolher, porque desconhecemos as opções, estamos limitados no exercício dos nossos direitos e deveres.
É a liberdade que está em causa.
LÓGICAS LOCAIS E NACIONAIS
Estão agora a acontecer as cerimónias de instalação dos órgãos autárquicos saídos das eleições do passado dia 12 de Outubro. Assistimos a uma mudança de cor predominante no país. Como foi localmente?
Verificamos a existência de bastantes autarquias ganhas por "movimentos de cidadãos", alguns assumindo essa génese independente de partidos políticos, outras adotando uma "bandeira de conveniência", vulgo "barriga de aluguer", para contornar a necessidade legal de obtenção de assinaturas de proponentes.
Pessoalmente, nada tenho contra os "movimentos de cidadãos". Aliás, na minha opinião, tudo o que seja a sociedade civil organizar-se para resolver problemas da comunidade devidamente identificados, sem empurrar para essa entidade intrusiva na vida de cada um que é o "Estado", é um passo dado na direção certa. O "Estado" não pode ser o pai, o patrão, o empresário, só porque o indivíduo se demite de o ser! No entanto, e isso nota-se de especial maneira nas freguesias, começamos a assistir a um fenómeno que eu considero pernicioso para o funcionamento da própria democracia. Por enquanto localmente...
Há já inúmeras freguesias no país que apresentam candidaturas únicas de "movimentos de cidadãos". Nada contra a apresentação de listas "independentes" dos partidos. Tudo contra as listas únicas.
A democracia vive-se com alternativas e escrutínio. A existência de listas únicas dificulta uma e outra. Que alternativa? Quem escrutina? Como se garante a transparência?
Por enquanto, esta realidade encontra-se circunscrita às freguesias, mas são cada vez mais. Iremos assistir também nos concelhos? E a nível nacional? Listas únicas fazem lembrar mais uma autocracia do que uma democracia liberal a que aspiramos, mas o caminho está a ser feito e poderá ser aproveitado por gente menos escrupulosa.
Numa leitura local, fica esta minha preocupação, ou alerta.
Numa lógica nacional, pouco mudou. As pessoas continuam a preferir confiar na "gente da terra" em detrimento de projetos que, por mais interessantes que possam ser, não são liderados por alguém conhecido. Os eleitores, nas eleições locais, continuam a olhar para o município como o grande empregador e, em muitos locais, como o grande agente económico local, pelo que colocá-lo na mão de "desconhecidos" é um risco que não querem correr.
Passaram as eleições, agora serão 4 anos a viver com o resultado da decisão tomada. Enquanto isso, a nível nacional, o bipartidarismo acabou. Há já um terceiro partido que começa a criar a sua rede de autarcas. Um partido que obriga a olhar a política com outros olhos e que vem merecendo uma maior compreensão e aceitação pelo povo.
Estas eleições, por muitos discursos dos mesmos do costume em sentido contrário, também o demonstram (local e nacionalmente).
DESENGARRAFAR O TRÂNSITO @ ÁGUEDA.PT
Sempre que vou a Lisboa, Porto, Braga, Coimbra, ou outras capitais de distrito mais movimentadas, e me sujeito a longas e demoradas filas de trânsito, sinto-me um verdadeiro felizardo por viver e trabalhar numa cidade pequena como Águeda. Enquanto há cidadãos que, diariamente, passam horas no trânsito de e para o trabalho, eu dou-me ao luxo de sentir uma irritaçãozinha só porque demorei 10 minutos em vez dos habituais 4 no meu trajecto da empresa para casa.
Apesar de, no geral, o trânsito ainda não ser um grande drama, nos tempos mais recentes existem duas zonas de algum estrangulamento rodoviário às portas de Águeda: a Sul, no cruzamento da Cerâmica do Alto, e a Norte no troço entre a GNR e a rotunda do Mcdonald’s. A situação a SUL já está em vias de resolução, com a construção das novas acessibilidades ao Parque Empresarial do Casarão. Trata-se de uma obra de grande envergadura que, presumo, irá resolver vários problemas, a começar pela valorização do próprio PEC e pela fluidez do tráfego que se concentrava naquele cruzamento. A Norte, no entanto, a situação no troço da antiga EN1 desde o cruzamento da GNR (uma das principais entradas para o centro da cidade) até ao Continente, continua a ser caótica em vários períodos do dia.
Já vi as imagens e vídeos da solução prevista para aquela zona, com novas rotundas e duplicação de faixas, e ouvi as explicações do senhor Presidente da Câmara sobre a necessidade de as realizar, tanto mais porque será ali que irá desaguar quase todo o trânsito proveniente do futuro Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda. Gostei do que vi, e parece-me que será uma solução funcional. Atrevo-me ainda a fazer uma sugestão ao Sr, Presidente: dê uma vista de olhos num recente post do Marco Almeida (candidato pelo CDS à União de Freguesias de Recardães e Espinhel), onde fez notar – e bem – o potencial e a enorme oportunidade que seria requalificar o acesso da Rotunda do Milénio à Urbanização do Alto do Rio.
Se há coisa que reconheço ao anterior (e actual) executivo municipal é o grande empenho em tudo fazer para que a ligação Águeda-Aveiro se torne realidade. Desde o primeiro dia à frente da Câmara, Jorge Almeida fez desta obra um desígnio e, ao que parece, estarão para breve a conclusão do processo e o início dos trabalhos. Penso, aliás, que se o anterior Presidente da Câmara tivesse vontade, já poderíamos estar muito mais próximos da inauguração da via. Não me esqueço – e já o partilhei noutros artigos – que houve, no mínimo, falta de empenho nesta solução: “Não acho que seja uma prioridade para Águeda a ligação Águeda-Aveiro”; “Uma ligação entre Águeda e Aveiro penso que é só para colocar mais pessoas a morar em Aveiro e virem trabalhar para Águeda. Acho que não serve muito os interesses do concelho”; “(…) um [nó da auto-estrada] para sul, que seria a uns dez, doze quilómetros a partir do Parque do Casarão, seria bastante bom (…)”. (Gil Nadais, 28 de Fevereiro de 2020).
Partilhados estes desabafos, reitero que neste assunto estamos, como diz o povo, a “reclamar de barriga cheia”. Não é, obviamente, nenhuma tragédia o pouco tempo que sofremos com os nossos “mini-engarrafamentos”, e basta uma viagenzinha ao Porto para nos sentirmos uns sortudos… Ainda assim, há obras estruturantes para a cidade, cuja realização o quanto antes será benéfica para todos. Agora, além de não baixarmos a guarda na execução da auto-estrada, seria aconselhável avançar desde já com estas requalificações às portas da cidade. Esperar mais alguns anos, não pode ser opção…
TAMBÉM O PLANETA CARECE DE ESTADISTAS
Com o falecimento de Francisco Pinto Balsemão, dei por mim a pensar no que realmente faz de alguém um estadista. É um conceito fora de moda, mas talvez explique boa parte do estado em que o mundo se encontra. E o planeta, também. Se o sentido de Estado ainda valesse tanto quanto a popularidade digital, talvez não estivéssemos a assistir a um colapso climático anunciado. Digo isto com algum dramatismo, correndo o risco da conotação fácil de “ativista perigosa” (há quem acrescente “de esquerda”, mesmo sendo eu de direita), mas com consciência: a falta de estadistas é uma das causas da crise política global e também um dos combustíveis da crise ambiental.
O multilateralismo é bonito nos comunicados das cimeiras, mas de pouco vale sem compromisso em cada Estado. As metas coletivas soam bem, mas sem tradução local não passam de retórica. O compromisso global não nasce em Belém, nem em Bruxelas: nasce em cada país, em cada cidade, em cada decisão orçamental que dá ou não prioridade ao tema. Quando antecipamos, ao invés de reagir por impulso, eleitoralista ou de outra natureza.
Em novembro, o mundo voltará a reunir-se em Belém do Pará para a COP30, mais uma cimeira do clima, mais uma oportunidade para prometer que “desta vez é que vai ser”. A primeira, em 1995, foi presidida pela então jovem ministra do Ambiente chamada Angela Merkel. Trinta anos depois, continuamos a discutir metas que falhamos consecutivamente. Talvez porque o que falta não sejam relatórios científicos, mas responsabilidade política, difícil de definir e ainda mais difícil de exigir.
Vivemos entre dois extremos igualmente estéreis. De um lado, o poder bruto: nações que ainda medem força em barris de petróleo. Do outro, o ativismo de palco: cartazes e vídeos virais que pouco resolvem. O resultado é um planeta que ouve muito e muda pouco. Falta-nos estadistas! De preferência não negacionistas da ciência.
Um estadista não é quem fala mais alto, é quem decide o que é preciso, não o que é popular. Churchill, Roosevelt, Gorbachev ou Merkel partilham essa fibra rara: pensar além do mandato. E Balsemão foi, a seu modo, exemplo de compromisso com a liberdade e com a verdade.
Mas é nas cidades que se prova o que vale o discurso. Veja-se Águeda, distinguida como European Green Leaf 2026, onde vai nascer um Parque Ambiental de 28 hectares, um investimento de sete milhões de euros para devolver o rio à cidade e criar um pulmão verde urbano.
A diferença entre uma promessa e uma política está no tempo que se aceita esperar para ver resultados. E é aí que entram os estadistas, não como figuras do passado, mas como urgência do presente.
O PODER, AS MAIORIAS REFORÇADAS E AS LIÇÕES DA HISTÓRIA
As eleições autárquicas em Águeda deixaram marcas políticas profundas. A dimensão da vitória da coligação Juntos por Águeda (PSD/MPT) reforça o poder de Jorge Almeida e redefine o xadrez político local — obrigando todos os partidos, dentro e fora do executivo, a repensar a sua organização, a forma de fazer política e o papel que querem desempenhar no concelho.
A nova maioria absoluta é larga, homogénea e estável. Mas também exigente. A história recente da democracia local ensina que as maiorias reforçadas não são sinónimo de poder duradouro. Em 2013, Gil Nadais obteve uma das mais expressivas vitórias do PS e, quatro anos depois, o poder passou para o movimento Juntos, liderado precisamente pelo seu vice-presidente Jorge Almeida. Situação semelhante sucedera em 2001, quando Castro Azevedo ampliou a maioria do PSD — primeira absoluta em três décadas de poder municipal do partido -, resultando na perda da Câmara para o PS do ex-social democrata Nadais em 2005.
A política local tem memória curta mas padrões longos: quando o poder se torna excessivamente concentrado, o desgaste interno e as feridas mal saradas abrem caminho à mudança. Foi assim das duas vezes que a força maioritária chegou aos 5 vereadores em 7 no executivo municipal - desfecho que se repetiu novamente neste 12 de outubro.
O PS vive ainda hoje as consequências da forma como geriu o processo de sucessão de Gil Nadais — um erro que abriu espaço à afirmação das pessoas e à erosão dos partidos. O PSD, por sua vez, vira a sua base fraturar-se em 2005, fruto de divisões internas e da incapacidade de renovar lideranças, perdendo mais de 20 por cento do seu eleitorado durante os 16 anos em que esteve na oposição.
A história pode repetir-se com outros protagonistas mas a mesma vulnerabilidade: em Águeda, o poder raramente cai pela força da oposição — cai pelo cansaço e erros internos.
Hoje, ao contrário das eleições do séc. XX, o poder municipal depende mais das figuras políticas do que das estruturas partidárias. Jorge Almeida e Edson Santos são exemplos claros dessa centralidade das pessoas. O PSD de hoje é tão dependente das personagens como o PS foi na era Gil Nadais com a sua equipa. E isso, por mais que se negue, é incontornável.
O resultado eleitoral coloca ainda uma incógnita no tabuleiro: o Chega, que apesar de não ter eleito vereador, duplicou votos e estreia-se na Assembleia Municipal com dois membros. Ninguém sabe se será apenas ruído ou se ganhará enraizamento, mas a sua presença vai testar o tom, já de si tóxico, do debate político local.
Para todos os partidos estes quatro anos serão decisivos. O desafio não é apenas sobreviver, é redefinir o espaço político local.
Partidos que têm tido presença regular nas autarquias — PS e CDS-PP — precisam de repensar a sua organização interna, ler os resultados com serenidade e reconstruir a ligação à comunidade de forma contínua e consistente, e não apenas a seis meses das eleições.
O mesmo se aplica à esquerda tradicional — BE e PCP (na versão CDU) — que, eleição após eleição, vêem a sua base eleitoral definhar até à quase irrelevância.
Quanto ao PSD e à designada coligação Juntos por Águeda - o MPT, não tendo qualquer expressão neste concelho, é um artifício -, há dois desafios centrais para este novo ciclo:
- primeiro, não defraudar as expectativas de quem legitimou esta maioria e cumprir as promessas e as obras que sustentaram a campanha e o mandato anterior;
- segundo, gerir o processo de sucessão de Jorge Almeida com bom senso, prudência e capacidade de conciliar ambições.
Este último será, inevitavelmente, o teste mais difícil: conciliar desejos e controlar vontades, num tempo em que o poder se pode transformar, facilmente, na sua própria perda. Veremos se a História se repete.
QUANDO O GRITO PERDE O PALCO
Estas eleições autárquicas, mais do que mapas pintados de novas cores, deixaram um retrato do país real, aquele que vai muito além dos gritos das redes sociais. Entre as surpresas e os desaires, é impossível ignorar que a extrema-direita ficou muito aquém das expectativas.
O partido que se alimenta da indignação e da raiva, habituado a transformar polémicas em votos, tropeçou quando teve de enfrentar o país sem o seu líder no centro do palco.
Este resultado confirma o que já é (ou deveria ser) mais que sabido: o Chega não é um movimento político enraizado, é um espetáculo de um só ator! Vive da voz, da pose e do impulso de quem o dirige, mas quando a cortina cai, o eco desvanece. Sem o magnetismo populista de quem transforma insultos em manchetes, o partido perde força, discurso e, acima de tudo, votos.
Precisamente por isto é que o populismo vive de criar inimigos e de simplificar o mundo até caber num slogan, mas fora do palco, sem as luzes da polémica e a adrenalina do confronto, descobre-se que pouco sobra para construir. E é aqui que a política mostra a sua diferença essencial, pois enquanto uns se dedicam a incendiar o debate, outros continuam a reconstruir as pontes que o populismo queima.
Claro que, tal como já tenho vindo a mencionar, não é um caso isolado, nem exclusivamente português e vamos vendo vários países europeus com o mesmo ciclo de líderes carismáticos que sobem rápido, alimentados pelo descontentamento, mas que caem assim que a fúria esgota a novidade. Itália, França, Hungria, Estados Unidos… enfim, mudam os rostos, repete-se o guião.
Talvez o maior antídoto contra o populismo seja precisamente o que aconteceu nestas eleições, ou seja, o regresso à normalidade democrática, onde a proximidade e o trabalho local valem mais do que o ruído digital. Onde as pessoas conhecem quem as representa, não pelos vídeos virais, mas pelas respostas concretas. E talvez este seja o sinal mais saudável das urnas, pois quando o grito perde o palco, a política ganha espaço para voltar a ser discussão séria.
ABÓBORA, UM CLÁSSICO DO OUTONO QUE NUNCA SAI DE MODA
Símbolo do outono e presença habitual nas cozinhas portuguesas, a abóbora é um alimento que une tradição, cor e valor nutricional. Muito além do seu papel decorativo no Halloween, é um dos frutos mais versáteis e completos da estação.
Cultivada em Portugal desde o século XVI, após a chegada das sementes trazidas das Américas, a abóbora ganhou espaço nos nossos campos e nas nossas mesas. Hoje, o país é o quinto maior produtor da União Europeia, com especial destaque para a região do Oeste. A sua versatilidade e elevada rentabilidade agrícola fazem dela uma cultura essencial na dieta mediterrânica e na economia rural.
Do ponto de vista nutricional, a polpa apresenta um valor energético muito baixo. É rica em água, potássio e vitaminas C e E. Os seus pigmentos naturais, os carotenoides, como o betacaroteno e a luteína, conferem-lhe a cor vibrante e propriedades antioxidantes, com impacto positivo na saúde da pele, da visão e do sistema imunitário.
Mas, o valor da abóbora não termina na polpa, as cascas e as sementes merecem igual destaque. As primeiras são ricas em fibra e compostos bioativos, e as segundas concentram proteínas, gorduras insaturadas e minerais como o magnésio e o fósforo. Incorporar sementes de abóbora em saladas, iogurtes ou pão é uma forma simples de enriquecer a alimentação com nutrientes essenciais.
Além dos benefícios nutricionais, a abóbora representa um exemplo de sustentabilidade. Aproveitar o fruto “da casca às sementes” reduz o desperdício, promove a economia circular e cria novas oportunidades na indústria alimentar, com a valorização dos subprodutos.
Versátil na cozinha, a abóbora adapta-se a todas as preparações culinárias, em sopas, purés, risotos, assados, saladas, sobremesas ou até como base de compotas. A sua doçura natural, dependendo da variedade, dispensa o uso de açúcar e permite receitas mais equilibradas.
Para aproveitar o melhor desta época, deixo uma sugestão simples para a incorporar na alimentação: abóbora e batata, assadas, com ervas e sementes. Basta cortar a abóbora e a batata em cubos, temperar com azeite, alecrim e orégãos, levar ao forno até ficarem bem cozinhadas e finalizar com sementes de abóbora torradas. Um acompanhamento completo e equilibrado, perfeito para servir com carne, peixe ou uma alternativa vegetal. Bom apetite!
AS PRIORIDADES DE ÁGUEDA
Quais deverão ser as prioridades de Águeda para os próximos anos? Como está o município no panorama nacional? Quais são as preocupações dos Aguedenses?
Para respondermos a estas questões é importante percebermos a realidade. Com factos e dados concretos para, sem demagogias ou populismos, discutir prioridades e soluções de desenvolvimento do concelho.
O Ranking da Competitividade Municipal, publicado no dia 1 de outubro, que compara 186 municípios com base em 11 indicadores, é o ponto de partida para esta reflexão.
Águeda ocupa, globalmente, a 41ª posição. No distrito de Aveiro, situa-se na 8ª posição, atrás de Aveiro, S. João da Madeira, Ílhavo, Oliveira do Bairro, Mealhada, Estarreja e Ovar.
Olhando para os indicadores, percebemos que a Educação é a dimensão em que Águeda está melhor (27ª posição), apenas atrás de S. João da Madeira no distrito de Aveiro. Outra dimensão onde Águeda tem uma boa performance é no Capital Produtivo (44ª posição).
Por um lado, o número de professores e a existência de uma Instituição de Ensino Superior (Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Universidade de Aveiro) contribui para o bom desempenho na Educação; por outro, um tecido empresarial com indicadores positivos, sustentam o desempenho naquelas duas dimensões.
A merecer atenção estão as áreas da Proteção e Justiça (124ª posição) e Cultura e Entretenimento (131ª posição), também não sendo famoso o desempenho na Saúde (105ª posição) e na Habitação (106ª posição).
Aspectos como o número (reduzido) de bombeiros por km2 ou a ausência de uma polícia municipal condiciona negativamente o desempenho do município na Proteção e Justiça. Já na Cultura e Entretenimento são ainda poucos os espetáculos ao vivo, museus e exposições por mil habitantes no concelho.
Na Saúde, o (reduzido) número de médicos por mil habitantes e o baixo número de camas em hospitais por mil habitantes é motivo de preocupação, enquanto na Habitação, o valor mediano das rendas, o número de fogos licenciados para habitação familiar ou os alojamentos familiares com necessidades de reparação, são indicadores preocupantes.
Mas esta análise não estaria completa sem a visão dos Aguedenses. A sondagem digital divulgada pela Soberania do Povo no passado dia 26 de setembro, ajuda-nos nesta tarefa.
Os munícipes de Águeda não desalinham dos dados oficiais: as maiores preocupações centram-se em áreas como a Saúde (24%), a Protecção e Justiça (24%, agrupando segurança e incêndios) e a Habitação (17%).
Este quadro, que combina dados concretos com as preocupações das pessoas, dá-nos uma imagem bem clara de qual o caminho que é importante seguir e quais as prioridades de Águeda: Saúde, Protecção e Habitação.
Com estas prioridades em vista, certamente os Munícipes agradecem e Águeda será certamente um concelho melhor para viver.
DO SORRISO, AO RISO
Sorrir poderá ser o prelúdio de determinada atitude festiva ou satisfação perante qualquer acontecimento, dito, pensamento, gozo, sonegação de algum pormenor de dúvida, desespero ou desprezo.
Seja qual for o seu sentido e significado, o sorriso indicará certamente uma forma de expressão muito humana. Há quem sorria quando não parece ter vontade de manifestar qualquer laivo de felicidade e também quem ria, mas com vontade indómita de chorar.
Cada pessoa pode sorrir, rir ou ficar indiferente, perante os numerosos acontecimentos que sucedem diariamente à sua frente. A interpretação própria e conveniente dependerá da predisposição de quem provoca ou é provocado.
É uma maneira deveras peculiar de entender qualquer caso mais ou menos esperado e que faz parte integrante de uma comunhão de vida entre os membros que se consideram em actividade humana inteligente e consciente.
Há quem sorria para desvanecer a gravidade de um assunto definido e quem o faça, desdenhando de várias tomadas de posição alheios menos pensadas e infelizes.
O homem reage no seu porte, consoante o que vive no íntimo de si mesmo. Os seus propósitos normais nascem do equilíbrio interior anímico que traduz, na sociedade, a seriedade e sensatez de que é dotado por natureza própria. Mas, pode desviar-se da compostura pessoal quando se permite ser apoderado por certos modos de agir menos ortodoxos que afectam frequentemente os indivíduos esquecidos da civilidade.
Rir, dizem, dá e mostra saúde de carácter e humanista. Entre o riso e a vida de cada instante, deverá haver uma coerência que não será forçada, mas espontânea, sincera e transparente.
O sorriso e o riso de uma criança que ilustram qualquer sua pequena diabrura ou travessura são os mais verdadeiros e puros sinais da verdade e verticalidade do seu ser.
Já o mesmo não pode presumir-se de idênticos gestos dos adultos. Estes nem sempre revelam a concordância entre o que pensam e agem. Por vezes, o riso manifesta a submissão que se procura impor aos mais carentes em quaisquer sentidos.
Neste tempo e dadas as exigências circunstanciais, ao passar na rua e olhando as paredes, deparamos com muitos e diversos cartazes de propaganda político-popular, onde os candidatos a determinados lugares de chefia no seu meio ou mais longe se apresentam, todos eles, com rasgados sorrisos como nunca, antes, terão exibido. A isso não escapa nenhum. A boa disposição é ou parece geral e esperançosa nos bons resultados a obterem.
Naturalmente avaliaremos o contraste que se verifica porque bastantes desses sorrisos darão origem a risos sarcásticos e cáusticos, uma vez que se apresentam os profetas das ideias prolixas, mas que, mais tarde, se descobrirão vazias e de planos irrealizados.
É por tudo isso que muita gente, no futuro, irá perder-se de riso!
IUC IMPOSTO ÚNICO AUTOMÓVEL - ALTERAÇÕES PARA 2026
O pagamento do IUC vai mudar a partir de 2026, com um novo calendário de pagamento fixo até 28 de fevereiro, independentemente do mês de matrícula do veículo. Esta é uma medida incluída na Agenda para a Simplificação Fiscal aprovada em Conselho de Ministros de 16 de janeiro e que entra em vigor em 2026, com vista a simplificar a gestão de prazos.

O que muda no prazo de pagamento:
Data fixa:
 Atualmente, o IUC é pago no mês de matrícula do veículo. A partir de 2026, o pagamento será feito anualmente, com data limite em fevereiro.

Pagamento do IUC em 2026:
Valores até 100€:
 O pagamento será feito numa única prestação até ao final de fevereiro.
Valores superiores a 100€: O contribuinte poderá escolher entre duas opções, pagar o montante total do imposto até final de fevereiro ou dividir o valor em duas prestações, sendo a primeira em fevereiro e a segunda em outubro. 

De quem é a obrigação de pagar o IUC:
O imposto é devido pelo proprietário que em 31 de dezembro do ano anterior tenha o registo de propriedade em seu nome, ainda que o venha a vender em 2026.

Quem tem direito à isenção do IUC?
Veículos pertencentes a pessoas com deficiência,
cujo grau de incapacidade seja igual ou superior a 60%. Porém, para usufruir da isenção do IUC, estes veículos devem cumprir requisitos ambientais específicos e cada beneficiário tem direito a apenas uma isenção de IUC por veículo e por ano, não podendo o valor ser superior a 240€.
Viaturas Elétricas ou movidas a energias renováveis não combustíveis;
Automóveis de passageiros que se destinem ao serviço de aluguer com condutor, ou táxis;
Veículos automóveis categorias A, C, D e E com mais de 30 anos, considerados de interesse histórico pelas entidades competentes, com uso ocasional e não efetuem deslocações anuais superiores a 500 quilómetros.
Veículos de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).
Ambulâncias e veículos dedicados ao transporte de doentes, bem como veículos funerários.
Tratores agrícolas.
Veículos de equipas de sapadores florestais que integram o Sistema de Defesa da Floresta contra incêndios.
Viaturas pertencentes ao Estado Português (administração central, regional e local), ou a outros Estados estrangeiros.
Veículos das forças militares e de segurança.

O que acontece se não pagar o IUC?
O atraso ou incumprimento
no pagamento do IUC acarreta penalizações para o proprietário do veículo, nomeadamente a aplicação de coima, geralmente de 25€ podendo ser agravada no caso de não pagamento no prazo estipulado.
Para além da fixação da coima, terá sempre de pagar o imposto acrescido de juros de mora e sujeito a processo executivo e custas.

Como se processa o pagamento do IUC?
Para efetuar o pagamento do IUC é necessário emitir a guia de pagamento no Portal das Finanças e proceder ao pagamento conforme os respetivos dados e instruções.
A DEMOCRACIA À BEIRA DO ADRO
As eleições autárquicas deste domingo são mais do que um exercício de escolha de presidentes de câmara, juntas de freguesia ou assembleias municipais. Representam um momento essencial da democracia: o reencontro entre cidadãos e poder no patamar onde a política se sente de forma mais próxima e concreta. É nas autarquias que o quotidiano da comunidade encontra resposta — ou ausência dela.
Contudo, este pilar democrático enfrenta fragilidades. A dificuldade crescente em encontrar candidatos pode revelar o desgaste dos partidos, outrora viveiros de militância e debate ideológico. Segundo alguns relatos, há quem prefira não dar a cara por receio de pressões ou possíveis represálias. Meio século de democracia: a coragem mede-se apenas por assumir posições, ou sobretudo por agir e transformar?
A erosão das grandes narrativas, a fragmentação social e até a perceção de que o poder local é exigente e pouco compensador contribuem para enfraquecer estas estruturas. E se os partidos perdem força, a democracia local perde uma das suas colunas de sustentação.
Noutra vertente, a evolução das autarquias é evidente: de instituições limitadas em recursos - condicionando as opções de governação - passaram a estruturas com capacidade de decisão e de investimento.
No passado, a escassez de fundos obrigava a sociedade civil — empreendedora e arrojada — a assumir o protagonismo e a ser o motor, fazendo-se à vida.
Hoje, com mais meios públicos, a responsabilidade devia ser partilhada: cabe à sociedade civil continuar a intervir, orientar e exigir, para que o poder local não se transforme num fim em si mesmo mas permaneça um instrumento ao serviço da comunidade. E aos autarcas cabe assumir uma liderança de parceria: não serem o “alfa” da comunidade mas colocar o poder ao serviço do coletivo, promovendo decisões partilhadas, ouvindo a sociedade civil e garantindo que o município cumpre a sua função de facilitador do desenvolvimento e do bem-estar de todos.
As eleições autárquicas são, por isso, um momento de escolha e reflexão: que perfil de liderança queremos para o futuro — concentradora ou colaborativa? Que poder queremos — absoluto ou partilhado? A sociedade civil, em cada uma das autarquias, terá este domingo a oportunidade de se afirmar mais acomodada ou mais ativa.
AS CAMPANHAS DO OUTDOOR, DO BRINDE E DA BANDEIRINHA
De quatro em quatro anos os eleitores locais são chamados a exercer o direito de voto e, convencionou-se dizer que nestas eleições as “pessoas” são mais relevantes do que as “politicas” ou os “programas” eleitorais.
De facto, a proximidade entre candidatos e eleitores é maior, nos bairros, nas freguesias, nos lugares e na cidade, gerando fenómenos de empatia ou rejeição, conforme a ideia que cada um tem das pessoas, dos partidos a que pertencem, dos movimentos independentes ou das coligações.
Há todavia uma excessiva “personalização” das candidaturas, com efeitos perversos que muitas vezes enfraquecem o debate público democrático.
O excesso de cartazes colocados em outdoors, nas árvores e nos postes de eletricidade, não está nada em linha com o ativismo ambiental e a modernidade verde, cujos slogans alguns proclamam.
Os cartazes, em regra, são emoldurados com frases feitas, repetidas e inócuas que significam muito pouco e geram até indiferença para quem olha e está mais interessado em conhecer as propostas eleitorais que se esfumam por entre os icónicos cartazes do Continente ou da Remax.
Quem está no Poder tem a tendência para fazer o balanço da obra feita, esquecendo a que não foi feita e falando muito pouco do futuro.Da parte das oposições, há um foco excessivo no julgamento e na crítica, justa ou injusta, de quem está no governo local, sem o cuidado da apresentação de propostas alternativas consistentes.
No mundo em que vivemos, das redes sociais, da promessa fácil, se temos a vantagem de ter acesso a debates entre candidatos às Câmaras municipais, às freguesias e às assembleias municipais, numa aparência de democracia participativa, verifica-se ao invés, um maior empobrecimento dos conteúdos e das propostas eleitorais (que apostam na promessa fácil), um aumento do ataque pessoal entre candidatos, com as “queixas” enviadas às comissões eleitorais ou aos tribunais apenas para efeitos de aproveitamento politico, muitas vezes persecutório e inconsequente – veja-se o que se passou com a queixa e recurso apresentados pelo PS contra candidatura do Sérgio Neves, na União de Freguesias de Travassô e Óis da Ribeira, que o Tribunal Constitucional nem sequer achou relevante apreciar por “inidoneidade do objeto do recurso”.
Por outro lado, as campanhas continuam a ser organizadas com a habitual estrutura das “arruadas”, do porta à porta nas casas e nos mercados para distribuir brindes, bandeirinhas e canetas, da visita tardia às instituições – IPSS,s, escolas, hospitais, lares de terceira idade e afins -, culminado nas ditas “sessões de esclarecimento”, realizadas em regra à noite nas freguesias, onde só vão ao púlpito os candidatos que, em regra, falam para uma assistência que é praticamente constituída apenas pelos staffs de campanha, pelos candidatos e alguns apoiantes, mais ou menos ruidosos.
Foram muitos os que seguiram de perto e com interesse o único debate organizado pela Soberania do Povo com todos os candidatos à Câmara Municipal de Águeda, transmitido nas redes sociais e rádios locais?
Não, não terão sido muitos de facto, o que denota o cansaço dos eleitores com a repetição sucessiva de atos eleitorais em Portugal.
Alguém quantifica o valor das propostas que apresenta, revelando estudo e preparação dos programas eleitorais? Muito poucos!
Parece que pouco ou não mudou de há 20 anos para cá, à exceção do número de candidatos jovens nas várias listas autárquicas, muitos com qualidade e até com estudos e carreiras iniciadas para além da Política, o que apesar de tudo constitui uma enorme esperança para o futuro.
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OPINIÃO | Carlos Abrantes | A Coreia do Norte é fixe
Quando disse aos meus amigos que ia de férias para a Coreia do Norte a reacção não se fez esperar. Para a Coreia do Norte? Tens a certeza que queres ir para a Coreia do Norte? E ficavam a olhar para mim com aquele ar compadecido de quem acha que eu tinha perdido o tino. Com tantos destinos de sol e mar, com Mediterrâneo e Caraíbas, com Brasil e Tailândia eu escolhera a Coreia do Kim Jong-Un, Mr. Rocket Man!
E foi uma óptima escolha.
Aconselho aos ambientalistas do PAN, tão na moda, e aos amantes das grandes causas politicamente correctas, uma estadia naquele paraíso ambiental. Não sofrerão com os engarrafamentos das grandes metrópoles capitalistas porque em Pyongyang, a capital, praticamente não circulam automóveis, nem camiões, nem autocarros. Emissões de carbono zero, ou quase.
Em contrapartida vê-se muita gente a pé, a caminho do trabalho ou de lado nenhum, promovendo um estilo de vida saudável, sem complicações cardiovasculares ou de diabetes. À excepção do “querido líder”, não vi gordos. Uma vitória do povo norte coreano que, desse modo, pode dispensar a existência de serviço nacional de saúde.
Também o regime alimentar muito frugal, pobre em hidratos de carbono, proteínas, gorduras e açúcares, com consumo de carnes vermelhas zero, é um exemplo para o mundo. Daí que seja seguido de perto pela comunidade científica, nomeadamente pela Universidade de Coimbra que, numa atitude pioneira e esclarecida decretou a proibição do consumo de carne de bovino nas cantinas estudantis.
Há, no entanto, um “mas” que perturbará os nossos amigos do PAN. Os Norte coreanos gostam, e consomem, carne de cão. Em ocasiões especiais, é certo, mas comem cão. Sopa de cão, cão guisado, cão frito, mil maneiras de cozinhar cão... Tal como o PAN eles também gostam de animais. Têm uma forma diferente de gostar, mas que gostam, gostam!
E gostam também dos líderes. Não os comem, porque não podem, mas têm um carinho especial pelos líderes. Erguem-lhes estátuas monumentais. Aos três – ao avô, ao pai e ao filho. Uma democracia, nas palavras de Bernardino Soares, transmissível de pais para filhos.
É tudo em grande! São enormes as estátuas, os cemitérios, os edifícios públicos, as bibliotecas, os museus, ou os estádios. E os espectáculos e as manifestações populares de apoio, ou de pesar. E as auto-estradas, ah as auto-estradas! Com três pistas em cada sentido, viajei a partir de Pyongyang para sul até ao paralelo 38 e para norte até Myohyang. Um espanto! Sem portagens nem congestionamentos, sem aselhas nem chico-espertos. Centenas de quilómetros sem um sobressalto ou um acidente. Havia, é certo, o problema do piso esburacado e das lombas, dos peões e das cabras, das bicicletas e dos controles militares, mas fora isso era maravilhoso.
Que sossego, que segurança.
Não admira que me tenha sentido muito seguro. É fácil quando cumprimos as regras, e as regras eram claras. Podíamos circular livremente dentro do hotel. Fora do perímetro do hotel, que estava estrategicamente implantado numa pequena ilha, teríamos de estar SEMPRE acompanhados pelos nossos guias locais.
A Coreia do Norte é fixe, mas nas minhas próximas férias vou para um país democrático. Para desenjoar!
- CARLOS ABRANTES

Quando a governança vira cartel - Parte V
Mostramos, antes de terminar esta rubrica, as 13 baixas de Ministros e Secretários de Estado deste governo da maioria absoluta do Partido Socialista (PS):
1 - Sara Guerreiro, Secretaria de Estado da Igualdade e Migrações – Baixa em 2-5-2022.
2 - Marta Temido, Ministra da Saúde - Baixa em 30-08-2022.
3 - Fátima Fonseca, Secretária de Estado da Saúde - Baixa em 30-8-2022.
4 - António Lacerda Sales, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde - Baixa em 30-8-2022.
5 - Miguel Alves, Secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro - Baixa em 10-11-2022.
6 - Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo - Baixa em 29-11-2022.
7 - João Neves, Secretário de Estado Adjunto e da Economia - Baixa em 29-11-2022.
8 - Alexandra Reis, Secretária de Estado do Tesouro - Baixa em 27-12-2022.
9 - Marina Gonçalves, Secretária de Estado da Habitação - Baixa em 29-12-2022.
10 - Pedro Nuno Santos, Ministro das Infraestruturas e da Habitação - Baixa em 29-12-2022.
11 - Hugo Santos Mendes, Secretário de Estado das Infraestruturas - Baixa em 29-12-2022.
12 - Rui Martinho, Secretário de Estado da Agricultura - Baixa em 4-1-2023.
13 - Carla Alves, Secretária de Estado da Agricultura - Baixa em 5-1-2023.
Tinha razão o Costa quando pediu a maioria absoluta.
O Marajá de São Bento nem precisa, sequer, de negociar à esquerda ou à direita para se tornar num autêntico rei-sol. O Estado sou eu!
Economia: Tortec inaugurou primeira fábrica no Parque Empresarial do Casarão
A Tortec - Tornearia e Peças Técnicas, do Grupo Ciclo-Fapril, inaugurou, na passada sexta-feira, dia 4 de Dezembro, as suas novas instalações no Parque Empresarial do Casarão e será a primeira empresa a instalar-se no novo polo industrial do município.
Carla Santos, directora financeira da Ciclo-Fapril, começou por relevar o desempenho do presidente do município, Gil Nadais, e do seu executivo, que, “em bom rigor, foram os impulsionadores por termos aqui edificado as instalações da Tortec”.
“Mais do que o projecto Tortec, há que enaltecer o esforço e a determinação do presidente da Câmara em fazer de Águeda uma cidade de indústria, de academia e de turismo”, salientou Carla Santos.
“Muito nos honra estar a viver este momento histórico de viragem na dinâmica industrial de Águeda, pois com toda a certeza o concelho vai reflectir a criação de valor que as empresas aqui instaladas vão gerar”, observou a directora financeira da Ciclo-Fapril.
Carla Santos considerou que o facto da Tortec ter sido a primeira empresa a edificar no Parque Empresarial do Casarão, resultou em “dificuldades acrescidas”, sublinhando, em particular, o desempenho do administrador Samuel Santos e do sócio Vitor Antunes, e de “todos os que nos ajudaram a realizar este projecto”.
“Aos nossos colegas de trabalho, esperamos que o transtorno da mudança (que será concretizada na segunda quinzena deste mês) seja superado pelo conforto que estas instalações vos venham a proporcionar. Sabemos que estão motivados com o nosso projecto de trabalho e contamos convosco para dar alma a este edifício”, sublinhou Carla Santos.

Dia muito especial
para Gil Nadais
O presidente da Câmara Municipal de Águeda, Gil Nadais, referiu-se a “um dia, muito, muito especial”, considerando que o Parque Empresarial do Casarão foi um projecto “muito sofrido, muito laborioso e só possível graças à colaboração de muitas pessoas”, destacando o trabalho “inexcedível” do aguadense António Figueira, e o desempenho “fundamental” do vereador João Clemente.
O autarca lembrou que “foram adquiridos mais de um milhão de metros quadrados de terrenos” e anunciou que “mais empresas pretendem vir para o Parque Empresarial do Casarão”, pelo que será necessário adquirir mais terrenos.
Gil Nadais anunciou que “o LIDL irá começar a construir, em 2016”, o seu entreposto logístico, e que durante o próximo ano estarão concluídas as estruturas da Triangle´s e da Sakthi (primeiro pavilhão), para relevar um projecto que, disse, “me custou, pessoalmente, alguns comentários mais acintosos”.



Jorge Almeida está esperançado em "derrotar" a Socibeiral no Tribunal
O presidente da Câmara Municipal de Águeda, Jorge Almeida, mostrou-se confiante no diferendo judicial que opõe a autarquia à Socibeiral, relativo à construção de uma central de betão e betuminoso no Parque Empresarial do Casarão (PEC).

O líder do município foi confrontado, na passada segunda-feira, em sede de Assembleia Municipal, pelo líder da bancada do Partido Socialista (PS), José Marques Vidal, que pretendeu saber em que ponto se encontra o processo, que corre, há vários meses, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro.
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Pai Natal gigante de Águeda é candidato a maior do mundo
Um Pai Natal com 21 metros de altura e 250 mil lâmpadas LED de baixo consumo (24 volts), instalado no Largo 1º. de Maio, é a grande atracção da época natalícia, em Águeda.
O município pretende alcançar o reconhecimento pela instalação do “Maior Pai Natal do Mundo em LED's”, assente numa estrutura em alumínio, com altura de sete andares, forrada a tapy.
Para validar e confirmar a obtenção do recorde, será necessária a deslocação a Águeda de um juiz do Guinness World Records, no sentido de verificar todas as características da infraestrutura e de deliberar acerca da atribuição do recorde.
Os custos inerentes a esta candidatura, aprovada ontem (abstenção de Paula Cardoso e voto contra de Miguel Oliveira), dia 1, na reunião do executivo, são de aproximadamente 10.000 euros.
O Pai Natal, sentado numa caixa de presente de 9 por 12 metros, pode ser visitado até ao dia 11 de Janeiro, e a sua instalação obrigou a um investimento de 49.200 euros.
No passado sábado, 28 de Novembro, o presidente do município, Gil Nadais, deu luz às estruturas espalhadas pela cidade que assinalam o Natal, num momento acompanhado por centenas de pessoas.






Samuel Vilela no Conselho Nacional de Juventude
Samuel Vilela, presidente da JSD de Águeda, foi nomeado para a direcção do Conselho Nacional de Juventude (CNJ), assumindo a pasta das Relações Internacionais e a representação nacional junto de instâncias europeias e internacionais.
O CNJ é a plataforma representativa das organizações de juventude a nível nacional, abrangendo as mais diversas expressões do associativismo juvenil (culturais, estudantis, partidárias, ambientais, escutistas, sindicalistas e confessionais).
Samuel Vilela, de 26 anos, encontra-se a frequentar um programa de Doutoramento na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e conta já com uma vasta experiência ao nível associativo e político.
Já presidiu ao Núcleo de Estudantes de Relações Internacionais, foi vice-presidente da Associação Académica de Coimbra e membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra.
James Arthur está confirmado no Agitágueda 2015
O Agitágueda deste ano vai ter lugar de 4 a 26 de Julho, estando já confirmados os concertos dos D.A.M.A. (dia 4 de Julho), Paulo Gonzo (11), Selah Sue (17), Jimmy P (24) e James Arthur (26), cuja contratação foi aprovada na reunião camarária de ontem, dia 7 de Abril. O executivo aprovou, também, a contratação dos serviços de vigilância e segurança, com ajuste directo à empresa Protek, e o regulamento de participação nos Talentos Agitágueda.