OPINIÃO
OPINIÃO PRÓPRIA | Jorge de Almeida Castro
09 de agosto de 2016Mais de seis milhões de jovens em idade escolar na União Europeia abandonam todos os anos a educação e a formação que lhes é servida, tendo apenas concluído o ensino básico ou um nível de ensino inferior (o equivalente ao nosso 9º ano de escolaridade). Estes jovens têm mais dificuldade em encontrar emprego, estão muitas vezes desempregados e tendem a depender mais frequentemente dos apoios sociais.
A taxa média de abandono escolar na União Europeia é de 10,9%, sendo em Portugal 14,4%. Ocupamos assim o 5º lugar no ranking dos países com maior abandono escolar, à frente da Itália (14,6%), da Roménia (18,9%), de Malta (20,1%) e da Espanha (20,3%). O país com menor abandono escolar é a Croácia, com apenas 3%.
É comummente aceite que o abandono escolar precoce prejudica o desenvolvimento económico e social e constitui um obstáculo sério à realização do objetivo da União Europeia (e do mundo em geral) de garantir um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.
E aqui falamos daqueles que abandonam de facto e fisicamente a escola, mas também daqueles que lá andam, os que até vão para as salas de aula, mas é como se lá não estivessem (parece que nunca lá estiveram!).
De acordo com a última recomendação da Comissão Europeia, no âmbito da famigerada “Estratégia 2020”, no combate ao abandono escolar é preciso ir para além das políticas de educação; pois estas, para serem eficientes, têm de se ajustar aos territórios e às populações, pressupondo medidas de prevenção, de intervenção e de compensação.
Explicando, transpondo e cuidando da nossa realidade, deve pressupor-se que a prevenção do abandono escolar deve ser efetivamente precoce; deve começar tão cedo quanto possível, dando não só apoio às crianças durante o processo de aprendizagem, mas também evitando condições que propiciem esse abandono escolar precoce. Outrossim, devem ter-se em conta medidas de intervenção que visem assegurar uma resposta rápida e realmente eficaz logo que surgem as primeiras dificuldades, seja ao nível do desempenho escolar, seja ao nível do absentismo. E por fim, as medidas de compensação são fundamentais para garantir oportunidades de aprendizagem diferenciadas, nomeadamente através da organização, desenvolvimento e avaliação dos currículos, bem como do uso de estratégias pedagógicas inovadoras e ‘à medida’ de cada um.
Pois bem, são linhas de rumo como estas que, a nosso ver, poderão concretizar-se através de um conjunto de orientações e práticas precisas em cada escola. Vejamos.
Comecemos pelo modelo de exercício de gestão nas escolas que, constituída por competência e não por politiquice, tenha efetiva autonomia e se autoresponsabilize, querendo assim a busca da qualidade permanente: ‘melhoria contínua’ no desenvolvimento do currículo e na diferenciação pedagógica.
Depois, a preocupação fundamental com a resolução dos problemas reais dos alunos, das suas famílias e das empresas que as escolas servem (se as escolas não servem os seus agentes, não resolvem os seus problemas, temos de nos perguntar para que servem as escolas).
Perceber também que o combate ao abandono escolar consegue-se com o aliado fundamental que é a inserção profissional e que, para isso, as escolas são oficinas de competências, em relação de proximidade permanente com as empresas e as suas necessidades.
Acreditar ainda que os melhores colaboradores no sucesso de cada um são os que estão na verdade a lidar com cada um: os professores, os técnicos e os outros em cada lugar da escola e também fora dela.
Por fim, importa valorizar e discriminar positivamente as escolas que efetivamente fazem bem o seu trabalho de combate ao desânimo e desmotivação dos alunos; o combate ao desespero das famílias; o combate ao desajustamento entre o que as empresas precisam e o que a escola lhes dá; o combate ao abandono escolar!
No meio disto tudo cada escola vale pelo que faz. E faz quem faz!
Se estivermos atentos a alguns lugares, vemos que há alunos a fugir para a escola… Para certas escolas. Porque afinal é bom fugir para a escola…
JORGE DE ALMEIDA CASTRO
Administrador da Escola Profissional de Aveiro
A taxa média de abandono escolar na União Europeia é de 10,9%, sendo em Portugal 14,4%. Ocupamos assim o 5º lugar no ranking dos países com maior abandono escolar, à frente da Itália (14,6%), da Roménia (18,9%), de Malta (20,1%) e da Espanha (20,3%). O país com menor abandono escolar é a Croácia, com apenas 3%.
É comummente aceite que o abandono escolar precoce prejudica o desenvolvimento económico e social e constitui um obstáculo sério à realização do objetivo da União Europeia (e do mundo em geral) de garantir um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.
E aqui falamos daqueles que abandonam de facto e fisicamente a escola, mas também daqueles que lá andam, os que até vão para as salas de aula, mas é como se lá não estivessem (parece que nunca lá estiveram!).
De acordo com a última recomendação da Comissão Europeia, no âmbito da famigerada “Estratégia 2020”, no combate ao abandono escolar é preciso ir para além das políticas de educação; pois estas, para serem eficientes, têm de se ajustar aos territórios e às populações, pressupondo medidas de prevenção, de intervenção e de compensação.
Explicando, transpondo e cuidando da nossa realidade, deve pressupor-se que a prevenção do abandono escolar deve ser efetivamente precoce; deve começar tão cedo quanto possível, dando não só apoio às crianças durante o processo de aprendizagem, mas também evitando condições que propiciem esse abandono escolar precoce. Outrossim, devem ter-se em conta medidas de intervenção que visem assegurar uma resposta rápida e realmente eficaz logo que surgem as primeiras dificuldades, seja ao nível do desempenho escolar, seja ao nível do absentismo. E por fim, as medidas de compensação são fundamentais para garantir oportunidades de aprendizagem diferenciadas, nomeadamente através da organização, desenvolvimento e avaliação dos currículos, bem como do uso de estratégias pedagógicas inovadoras e ‘à medida’ de cada um.
Pois bem, são linhas de rumo como estas que, a nosso ver, poderão concretizar-se através de um conjunto de orientações e práticas precisas em cada escola. Vejamos.
Comecemos pelo modelo de exercício de gestão nas escolas que, constituída por competência e não por politiquice, tenha efetiva autonomia e se autoresponsabilize, querendo assim a busca da qualidade permanente: ‘melhoria contínua’ no desenvolvimento do currículo e na diferenciação pedagógica.
Depois, a preocupação fundamental com a resolução dos problemas reais dos alunos, das suas famílias e das empresas que as escolas servem (se as escolas não servem os seus agentes, não resolvem os seus problemas, temos de nos perguntar para que servem as escolas).
Perceber também que o combate ao abandono escolar consegue-se com o aliado fundamental que é a inserção profissional e que, para isso, as escolas são oficinas de competências, em relação de proximidade permanente com as empresas e as suas necessidades.
Acreditar ainda que os melhores colaboradores no sucesso de cada um são os que estão na verdade a lidar com cada um: os professores, os técnicos e os outros em cada lugar da escola e também fora dela.
Por fim, importa valorizar e discriminar positivamente as escolas que efetivamente fazem bem o seu trabalho de combate ao desânimo e desmotivação dos alunos; o combate ao desespero das famílias; o combate ao desajustamento entre o que as empresas precisam e o que a escola lhes dá; o combate ao abandono escolar!
No meio disto tudo cada escola vale pelo que faz. E faz quem faz!
Se estivermos atentos a alguns lugares, vemos que há alunos a fugir para a escola… Para certas escolas. Porque afinal é bom fugir para a escola…
JORGE DE ALMEIDA CASTRO
Administrador da Escola Profissional de Aveiro

