SNS PARA ALÉM DA FALTA DE MÉDICOS
Não recorro muito, felizmente, aos serviços de saúde e, designadamente, ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), embora com ele já tenha interagido, por razões pessoais ou familiares, por diversas vezes. E, defensor do SNS, continuo a ter dele uma opinião francamente positiva.
Pelo que as televisões nos passam massivamente desde há muito, fica-se com a impressão de que os problemas que enfrenta se resumem à falta de recursos humanos, médicos em particular.
Passe o masoquismo, faz-nos bem às vezes experienciar os meandros da realidade, realidade essa sob fogo intenso, às vezes “combatido” com achas de ingratidão por parte de gente que continua a pensar que o Estado social é um dom universal gratuito, com o que, ainda por cima, muita comunicação social corrobora.
Num destes dias de final de ano, após consulta oftalmológica, fui aconselhado a ir à urgência hospitalar para tratar de um problema de visão que, de acordo com o diagnóstico, estava para além da resposta clínica que ali podia ser dada.
Atento às notícias e aos procedimentos para acesso às urgências, liguei para o SNS24 que, uma boa meia hora e inúmeros “não desligue” depois, após expor minuciosamente a situação, me encaminhou para o Hospital Distrital de Águeda, confirmando de imediato por mensagem.
Já no processo de receção do hospital fiquei a saber que ali não existia urgência oftalmológica, tão pouco em Aveiro. Segui, no entanto, para a triagem: o enfermeiro admira-se do erro, mas, mesmo assim, recebe-me e coloca-me pulseira amarela.
Ao fim de mais de uma hora de espera (havia à minha frente quem já tivesse mais de seis!), caio em mim e pergunto-me o que estou ali a fazer, se não existe especialidade.
Detentor de um seguro de saúde por força da inscrição numa ordem profissional, mesmo assim quis ir em frente e decidi arrancar com um familiar para os H. U. de Coimbra onde fui prontamente recebido, triado, observado e tratado.
Se tivesse permanecido em Águeda, talvez viesse a ser chamado cinco ou seis horas depois e, sem transporte, iria custar ao erário público mais a deslocação de uma ambulância até Coimbra, o destino certo.
E a questão é: porque é que o SNS24 não me encaminhou diretamente para Coimbra? Como não tinha conhecimento da inexistência das valências para onde, erradamente, encaminhou?
Como no meu caso, muitas situações destas existirão, algumas veiculadas pela comunicação social, sobretudo se com fins trágicos.
Este tipo de prática é inconcebível nos tempos que correm, em que o sistema funciona em rede e, tanto quanto a falta de médicos, acaba por minar a credibilidade de um serviço essencial e desonrar a memória do seu saudoso criador.
Há que combater este tipo de entropia, limpar o interior da máquina e lubrificar a logística do sistema para que o atendimento seja mais célere, eficaz e eficiente.
Ninguém fica a perder; ganham todos.
Este podia ser mais um grito de indignação como os muitos – com e sem razão – que se ouvem nas demoradas esperas, mas, crente no poder da pedagogia e da critica construtiva, acreditando nas virtualidades do SNS e considerando o que ele representa para todos os estratos da população, em especial os mais débeis, prefiro outorgar a título de oportunidade de melhoria.
Tenham um ano de 2025 pleno de saúde.
Pelo que as televisões nos passam massivamente desde há muito, fica-se com a impressão de que os problemas que enfrenta se resumem à falta de recursos humanos, médicos em particular.
Passe o masoquismo, faz-nos bem às vezes experienciar os meandros da realidade, realidade essa sob fogo intenso, às vezes “combatido” com achas de ingratidão por parte de gente que continua a pensar que o Estado social é um dom universal gratuito, com o que, ainda por cima, muita comunicação social corrobora.
Num destes dias de final de ano, após consulta oftalmológica, fui aconselhado a ir à urgência hospitalar para tratar de um problema de visão que, de acordo com o diagnóstico, estava para além da resposta clínica que ali podia ser dada.
Atento às notícias e aos procedimentos para acesso às urgências, liguei para o SNS24 que, uma boa meia hora e inúmeros “não desligue” depois, após expor minuciosamente a situação, me encaminhou para o Hospital Distrital de Águeda, confirmando de imediato por mensagem.
Já no processo de receção do hospital fiquei a saber que ali não existia urgência oftalmológica, tão pouco em Aveiro. Segui, no entanto, para a triagem: o enfermeiro admira-se do erro, mas, mesmo assim, recebe-me e coloca-me pulseira amarela.
Ao fim de mais de uma hora de espera (havia à minha frente quem já tivesse mais de seis!), caio em mim e pergunto-me o que estou ali a fazer, se não existe especialidade.
Detentor de um seguro de saúde por força da inscrição numa ordem profissional, mesmo assim quis ir em frente e decidi arrancar com um familiar para os H. U. de Coimbra onde fui prontamente recebido, triado, observado e tratado.
Se tivesse permanecido em Águeda, talvez viesse a ser chamado cinco ou seis horas depois e, sem transporte, iria custar ao erário público mais a deslocação de uma ambulância até Coimbra, o destino certo.
E a questão é: porque é que o SNS24 não me encaminhou diretamente para Coimbra? Como não tinha conhecimento da inexistência das valências para onde, erradamente, encaminhou?
Como no meu caso, muitas situações destas existirão, algumas veiculadas pela comunicação social, sobretudo se com fins trágicos.
Este tipo de prática é inconcebível nos tempos que correm, em que o sistema funciona em rede e, tanto quanto a falta de médicos, acaba por minar a credibilidade de um serviço essencial e desonrar a memória do seu saudoso criador.
Há que combater este tipo de entropia, limpar o interior da máquina e lubrificar a logística do sistema para que o atendimento seja mais célere, eficaz e eficiente.
Ninguém fica a perder; ganham todos.
Este podia ser mais um grito de indignação como os muitos – com e sem razão – que se ouvem nas demoradas esperas, mas, crente no poder da pedagogia e da critica construtiva, acreditando nas virtualidades do SNS e considerando o que ele representa para todos os estratos da população, em especial os mais débeis, prefiro outorgar a título de oportunidade de melhoria.
Tenham um ano de 2025 pleno de saúde.