Augusto Semedo .. editorial
A DEMOCRACIA À BEIRA DO ADRO
08 de outubro de 2025As eleições autárquicas deste domingo são mais do que um exercício de escolha de presidentes de câmara, juntas de freguesia ou assembleias municipais. Representam um momento essencial da democracia: o reencontro entre cidadãos e poder no patamar onde a política se sente de forma mais próxima e concreta. É nas autarquias que o quotidiano da comunidade encontra resposta — ou ausência dela.
Contudo, este pilar democrático enfrenta fragilidades. A dificuldade crescente em encontrar candidatos pode revelar o desgaste dos partidos, outrora viveiros de militância e debate ideológico. Segundo alguns relatos, há quem prefira não dar a cara por receio de pressões ou possíveis represálias. Meio século de democracia: a coragem mede-se apenas por assumir posições, ou sobretudo por agir e transformar?
A erosão das grandes narrativas, a fragmentação social e até a perceção de que o poder local é exigente e pouco compensador contribuem para enfraquecer estas estruturas. E se os partidos perdem força, a democracia local perde uma das suas colunas de sustentação.
Noutra vertente, a evolução das autarquias é evidente: de instituições limitadas em recursos - condicionando as opções de governação - passaram a estruturas com capacidade de decisão e de investimento.
No passado, a escassez de fundos obrigava a sociedade civil — empreendedora e arrojada — a assumir o protagonismo e a ser o motor, fazendo-se à vida.
Hoje, com mais meios públicos, a responsabilidade devia ser partilhada: cabe à sociedade civil continuar a intervir, orientar e exigir, para que o poder local não se transforme num fim em si mesmo mas permaneça um instrumento ao serviço da comunidade. E aos autarcas cabe assumir uma liderança de parceria: não serem o “alfa” da comunidade mas colocar o poder ao serviço do coletivo, promovendo decisões partilhadas, ouvindo a sociedade civil e garantindo que o município cumpre a sua função de facilitador do desenvolvimento e do bem-estar de todos.
As eleições autárquicas são, por isso, um momento de escolha e reflexão: que perfil de liderança queremos para o futuro — concentradora ou colaborativa? Que poder queremos — absoluto ou partilhado? A sociedade civil, em cada uma das autarquias, terá este domingo a oportunidade de se afirmar mais acomodada ou mais ativa.
Contudo, este pilar democrático enfrenta fragilidades. A dificuldade crescente em encontrar candidatos pode revelar o desgaste dos partidos, outrora viveiros de militância e debate ideológico. Segundo alguns relatos, há quem prefira não dar a cara por receio de pressões ou possíveis represálias. Meio século de democracia: a coragem mede-se apenas por assumir posições, ou sobretudo por agir e transformar?
A erosão das grandes narrativas, a fragmentação social e até a perceção de que o poder local é exigente e pouco compensador contribuem para enfraquecer estas estruturas. E se os partidos perdem força, a democracia local perde uma das suas colunas de sustentação.
Noutra vertente, a evolução das autarquias é evidente: de instituições limitadas em recursos - condicionando as opções de governação - passaram a estruturas com capacidade de decisão e de investimento.
No passado, a escassez de fundos obrigava a sociedade civil — empreendedora e arrojada — a assumir o protagonismo e a ser o motor, fazendo-se à vida.
Hoje, com mais meios públicos, a responsabilidade devia ser partilhada: cabe à sociedade civil continuar a intervir, orientar e exigir, para que o poder local não se transforme num fim em si mesmo mas permaneça um instrumento ao serviço da comunidade. E aos autarcas cabe assumir uma liderança de parceria: não serem o “alfa” da comunidade mas colocar o poder ao serviço do coletivo, promovendo decisões partilhadas, ouvindo a sociedade civil e garantindo que o município cumpre a sua função de facilitador do desenvolvimento e do bem-estar de todos.
As eleições autárquicas são, por isso, um momento de escolha e reflexão: que perfil de liderança queremos para o futuro — concentradora ou colaborativa? Que poder queremos — absoluto ou partilhado? A sociedade civil, em cada uma das autarquias, terá este domingo a oportunidade de se afirmar mais acomodada ou mais ativa.