Augusto Semedo .. editorial
A EROSÃO DA CONFIANÇA
01 de outubro de 2025Podemos ter o melhor dos intuitos, a mais genuína das intenções, e ainda assim sermos alvo da desconfiança alheia. Quem nunca sentiu que um gesto simples, uma palavra bem-intencionada, foi mal interpretada? Não raras vezes, julgamos o outro pelo carácter que lhe atribuímos, mesmo sem o conhecermos verdadeiramente. Mas será esse julgamento reflexo do que vemos nos outros ou, mais profundamente, um espelho do que somos nós próprios — dos valores, instintos e experiências que moldaram a nossa formação?
Se assim é em contextos de proximidade, em comunidades pequenas, no seio de equipas de trabalho ou em círculos sociais restritos, o que dizer da perceção sobre aqueles que exercem papéis de maior visibilidade e influência? Se o juízo fácil impera aqui, como não se amplificar perante figuras públicas, dirigentes ou representantes políticos, que se movem num palco de escrutínio constante?
A confiança é cimento social. Sem ela, as relações ficam frágeis, o diálogo ecoa em suspeição e até o exercício democrático perde vigor, transformando-se num jogo negativo em que os eleitos e os eleitores se afastam em vez de se aproximarem. Vemos isso em Portugal e no mundo: a dúvida sistemática corrói a cooperação e, em última instância, mina o desenvolvimento.
Viajar permite perceber o contraste. Povos que cultivam confiança, que se mobilizam mais construtivamente em torno de objetivos comuns, que olham os desafios com espírito positivo e respeito pelos intervenientes - mesmo com olhares diferentes, são menos emotivos e mais racionais -, são aqueles que mais avançam. Não por acaso: a confiança gera colaboração, a colaboração gera progresso. Onde impera a desconfiança, multiplicam-se muros — visíveis e invisíveis.
Pela postura, cada sociedade revela a formação e a educação das suas pessoas. Em contextos semelhantes, o contraste é evidente: há comunidades que se deixam dominar pela negatividade constante, criando um ambiente contagiante de suspeição, de descrença e de imobilismo coletivo; e há outras que, perante problemas semelhantes, optam por encarar os desafios com racionalidade e espírito construtivo, transformando dificuldades em oportunidades. É uma diferença de cultura, mas também de educação. E a verdade é que são estas últimas que vencem melhor os obstáculos e constroem percursos de desenvolvimento mais sólidos e inclusivos.
Na minha Águeda e no meu Portugal, gostaria que a crítica, legítima e necessária, não se confundisse com pessimismo paralisante, nem com uma oposição sistemática e estéril. Que houvesse espaço para acreditar, para dar o benefício da dúvida, para dialogar com base no respeito. Isso significa, por exemplo, que quando não se concorda se deve dizê-lo, com argumentos, sem deixar de cumprimentar. Que quando há um erro, ele seja apontado em diálogo, em vez de conclusões enviesadas. E que ao opinar sobre algo se tenha em atenção o contexto.
Se assim é em contextos de proximidade, em comunidades pequenas, no seio de equipas de trabalho ou em círculos sociais restritos, o que dizer da perceção sobre aqueles que exercem papéis de maior visibilidade e influência? Se o juízo fácil impera aqui, como não se amplificar perante figuras públicas, dirigentes ou representantes políticos, que se movem num palco de escrutínio constante?
A confiança é cimento social. Sem ela, as relações ficam frágeis, o diálogo ecoa em suspeição e até o exercício democrático perde vigor, transformando-se num jogo negativo em que os eleitos e os eleitores se afastam em vez de se aproximarem. Vemos isso em Portugal e no mundo: a dúvida sistemática corrói a cooperação e, em última instância, mina o desenvolvimento.
Viajar permite perceber o contraste. Povos que cultivam confiança, que se mobilizam mais construtivamente em torno de objetivos comuns, que olham os desafios com espírito positivo e respeito pelos intervenientes - mesmo com olhares diferentes, são menos emotivos e mais racionais -, são aqueles que mais avançam. Não por acaso: a confiança gera colaboração, a colaboração gera progresso. Onde impera a desconfiança, multiplicam-se muros — visíveis e invisíveis.
Pela postura, cada sociedade revela a formação e a educação das suas pessoas. Em contextos semelhantes, o contraste é evidente: há comunidades que se deixam dominar pela negatividade constante, criando um ambiente contagiante de suspeição, de descrença e de imobilismo coletivo; e há outras que, perante problemas semelhantes, optam por encarar os desafios com racionalidade e espírito construtivo, transformando dificuldades em oportunidades. É uma diferença de cultura, mas também de educação. E a verdade é que são estas últimas que vencem melhor os obstáculos e constroem percursos de desenvolvimento mais sólidos e inclusivos.
Na minha Águeda e no meu Portugal, gostaria que a crítica, legítima e necessária, não se confundisse com pessimismo paralisante, nem com uma oposição sistemática e estéril. Que houvesse espaço para acreditar, para dar o benefício da dúvida, para dialogar com base no respeito. Isso significa, por exemplo, que quando não se concorda se deve dizê-lo, com argumentos, sem deixar de cumprimentar. Que quando há um erro, ele seja apontado em diálogo, em vez de conclusões enviesadas. E que ao opinar sobre algo se tenha em atenção o contexto.

