Cláudia Oliveira
ÉTICA E MORAL NA POLÍTICA: O ESPELHO DAS NOSSAS ESCOLHAS
08 de outubro de 2025Com a aproximação das eleições autárquicas, é essencial refletir sobre a ética e a moral na vida pública. Não como conceitos abstratos, mas como critérios concretos que os eleitores devem considerar antes de votar.
Aristóteles dizia que a política deve buscar o bem comum, a justiça e a virtude cívica. Já Maquiavel via a política como o território da eficácia, mesmo que isso contrariasse a moral tradicional. Hoje, os políticos oscilam entre essas duas visões: devem ser guardiões da ética ou gestores do poder?
No plano local, os efeitos da governação são sentidos imediatamente. É nas autarquias que mais se invocam palavras como “transparência”, “verdade” e “proximidade”, ainda que muitas vezes fiquem só nos cartazes de campanha, rapidamente esquecidas após o fecho das urnas.
A política pode ser, como dizia Bismarck, a “arte do possível”. Mas o possível em função de quê? Do bem comum ou da conquista e/ou manutenção de cargos? Essa é a pergunta que deveria guiar cada voto.
É preciso distinguir moral e ética. A moral é o conjunto de valores partilhados por uma comunidade. A ética é a capacidade de questionar esses valores, procurando o que é justo de forma universal, mesmo que vá contra interesses pessoais ou partidários.
Um político ético não é aquele que tem boas frases ou outdoors sorridentes. É quem mantém coerência entre o que diz e o que faz, resiste à conveniência e vê o poder como responsabilidade — não propriedade.
Costuma-se dizer que “todos os políticos são iguais”. Não são. Essa ideia serve apenas para justificar o desinteresse e alimentar o cinismo. Quando deixamos de distinguir os que servem dos que se servem, é a própria democracia que perde.
Votar por simpatia, amizade ou promessa fácil enfraquece o bem comum e fortalece o oportunismo. O voto nunca é inocente. Quando elegemos alguém incoerente, não podemos fingir surpresa depois.
Muitos partidos funcionam como clubes de amigos, mais do que espaços de debate ideológico. O vaivém de candidatos entre partidos - muitas vezes sem coerência programática — mostra que para alguns a prioridade é manter ou conquistar cargos. Se o eleitor já não estranha essas mudanças, é porque, de certa forma, passou a legitimá-las com o silêncio ou o voto.
Abster-se também não é solução. A política não deixa vácuos - onde há silêncio, crescem os que só pensam em si. Não votar não é protesto. É abdicar da própria voz e entregar a decisão a outros.
O que está em jogo? Não é só escolher entre listas, mas refletir sobre quem tem compromisso com a comunidade. As perguntas certas não são “quem promete mais?” ou “quem conheço?”, mas: Este candidato distingue conveniência de serviço? Tem integridade mesmo longe dos holofotes? Respeita os outros como quer ser respeitado? Conhece a realidade que quer governar?
Não se exige santos na política - provavelmente nem aceitariam o cargo. Mas é legítimo esperar coerência, seriedade e compromisso firme com o bem comum. Afinal, a democracia é um espelho: devolve-nos exatamente o que nela colocamos.
Aristóteles dizia que a política deve buscar o bem comum, a justiça e a virtude cívica. Já Maquiavel via a política como o território da eficácia, mesmo que isso contrariasse a moral tradicional. Hoje, os políticos oscilam entre essas duas visões: devem ser guardiões da ética ou gestores do poder?
No plano local, os efeitos da governação são sentidos imediatamente. É nas autarquias que mais se invocam palavras como “transparência”, “verdade” e “proximidade”, ainda que muitas vezes fiquem só nos cartazes de campanha, rapidamente esquecidas após o fecho das urnas.
A política pode ser, como dizia Bismarck, a “arte do possível”. Mas o possível em função de quê? Do bem comum ou da conquista e/ou manutenção de cargos? Essa é a pergunta que deveria guiar cada voto.
É preciso distinguir moral e ética. A moral é o conjunto de valores partilhados por uma comunidade. A ética é a capacidade de questionar esses valores, procurando o que é justo de forma universal, mesmo que vá contra interesses pessoais ou partidários.
Um político ético não é aquele que tem boas frases ou outdoors sorridentes. É quem mantém coerência entre o que diz e o que faz, resiste à conveniência e vê o poder como responsabilidade — não propriedade.
Costuma-se dizer que “todos os políticos são iguais”. Não são. Essa ideia serve apenas para justificar o desinteresse e alimentar o cinismo. Quando deixamos de distinguir os que servem dos que se servem, é a própria democracia que perde.
Votar por simpatia, amizade ou promessa fácil enfraquece o bem comum e fortalece o oportunismo. O voto nunca é inocente. Quando elegemos alguém incoerente, não podemos fingir surpresa depois.
Muitos partidos funcionam como clubes de amigos, mais do que espaços de debate ideológico. O vaivém de candidatos entre partidos - muitas vezes sem coerência programática — mostra que para alguns a prioridade é manter ou conquistar cargos. Se o eleitor já não estranha essas mudanças, é porque, de certa forma, passou a legitimá-las com o silêncio ou o voto.
Abster-se também não é solução. A política não deixa vácuos - onde há silêncio, crescem os que só pensam em si. Não votar não é protesto. É abdicar da própria voz e entregar a decisão a outros.
O que está em jogo? Não é só escolher entre listas, mas refletir sobre quem tem compromisso com a comunidade. As perguntas certas não são “quem promete mais?” ou “quem conheço?”, mas: Este candidato distingue conveniência de serviço? Tem integridade mesmo longe dos holofotes? Respeita os outros como quer ser respeitado? Conhece a realidade que quer governar?
Não se exige santos na política - provavelmente nem aceitariam o cargo. Mas é legítimo esperar coerência, seriedade e compromisso firme com o bem comum. Afinal, a democracia é um espelho: devolve-nos exatamente o que nela colocamos.