Pedro Ferreira .. Contra Fatos
FUNÇÃO PÚBLICA: FUNCIONÁRIOS A MAIS OU EFICIÊNCIA A MENOS?
01 de outubro de 2025Nas últimas semanas, a propósito da intervenção de um líder político, voltou a falar-se do número excessivo de funcionários públicos e de como isso é nefasto para a eficiência dos serviços públicos.
Portugal tinha em final de 2024, 753.552 funcionários públicos (Boletim Estatístico do Emprego Público). Este número inclui administração central e regional (câmaras municipais e juntas de freguesia, por exemplo); inclui médicos, enfermeiros, polícias, professores, assistentes operacionais, militares e oficiais de justiça, entre outros.
É uma realidade que o número de funcionários públicos tem vindo a aumentar desde 2014 (na altura eram 656.363). Mas será este facto suficiente para compreendermos a situação? Se olharmos para a proporção de funcionários públicos relativamente à população empregada, Portugal apresenta uma percentagem a rondar os 14.7%. Ou seja, de todas as pessoas empregadas em Portugal, 14.7% estão empregadas em funções públicas.
Todos os países europeus têm percentagens acima dos 10%, mas Portugal está entre os cinco países com uma das percentagens mais baixas de emprego público face ao emprego total. Além disso, este indicador tem-se mantido estável ao longo da última década. E, em praticamente todos os países da Europa (incluindo Portugal), este valor até desceu quando se comparam os dados mais actuais com o ano de 2000.
Relativamente à população total do país, o rácio actual é de 7%, ou seja 7 em cada 100 residentes em Portugal trabalha em funções públicas. Esta percentagem não sofreu alterações significativas desde 2014 (6.3%), ano em que começou a aumentar o número de funcionários públicos.
Portanto, daqui se pode depreender que, em proporção de empregados ou em proporção da população portuguesa, o número de funcionários públicos se manteve estável. Quando se compara Portugal com os nossos parceiros europeus, até somos um dos países da Europa com uma proporção mais baixa face à totalidade de empregados.
Quer isto dizer que não temos funcionários públicos a mais? Que a eficiência dos serviços públicos está bem e recomenda-se? Claro que não. Quer apenas dizer que o maior problema – a eficiência – não estará no número de funcionários públicos. Mais importante que o número é, por exemplo, a sua distribuição pelos diferentes serviços – basta olhar para a área da saúde, onde a falta de profissionais é evidente. Há recursos humanos a mais em alguns sectores e a menos noutros.
Mas também não é só a deficiente distribuição. A forma como se trabalha, os métodos e processos de trabalho, são talvez ainda mais importantes que tudo o resto para o resultado e para a qualidade dos serviços.
Por isso, a ideia simplista de “temos muitos funcionários públicos” como a causa de todos os problemas dos serviços públicos é enganadora e intelectualmente pouco honesta se se quer mesmo atingir o objectivo que os serviços sempre deverão perseguir: servir com qualidade os seus cidadãos.
Portugal tinha em final de 2024, 753.552 funcionários públicos (Boletim Estatístico do Emprego Público). Este número inclui administração central e regional (câmaras municipais e juntas de freguesia, por exemplo); inclui médicos, enfermeiros, polícias, professores, assistentes operacionais, militares e oficiais de justiça, entre outros.
É uma realidade que o número de funcionários públicos tem vindo a aumentar desde 2014 (na altura eram 656.363). Mas será este facto suficiente para compreendermos a situação? Se olharmos para a proporção de funcionários públicos relativamente à população empregada, Portugal apresenta uma percentagem a rondar os 14.7%. Ou seja, de todas as pessoas empregadas em Portugal, 14.7% estão empregadas em funções públicas.
Todos os países europeus têm percentagens acima dos 10%, mas Portugal está entre os cinco países com uma das percentagens mais baixas de emprego público face ao emprego total. Além disso, este indicador tem-se mantido estável ao longo da última década. E, em praticamente todos os países da Europa (incluindo Portugal), este valor até desceu quando se comparam os dados mais actuais com o ano de 2000.
Relativamente à população total do país, o rácio actual é de 7%, ou seja 7 em cada 100 residentes em Portugal trabalha em funções públicas. Esta percentagem não sofreu alterações significativas desde 2014 (6.3%), ano em que começou a aumentar o número de funcionários públicos.
Portanto, daqui se pode depreender que, em proporção de empregados ou em proporção da população portuguesa, o número de funcionários públicos se manteve estável. Quando se compara Portugal com os nossos parceiros europeus, até somos um dos países da Europa com uma proporção mais baixa face à totalidade de empregados.
Quer isto dizer que não temos funcionários públicos a mais? Que a eficiência dos serviços públicos está bem e recomenda-se? Claro que não. Quer apenas dizer que o maior problema – a eficiência – não estará no número de funcionários públicos. Mais importante que o número é, por exemplo, a sua distribuição pelos diferentes serviços – basta olhar para a área da saúde, onde a falta de profissionais é evidente. Há recursos humanos a mais em alguns sectores e a menos noutros.
Mas também não é só a deficiente distribuição. A forma como se trabalha, os métodos e processos de trabalho, são talvez ainda mais importantes que tudo o resto para o resultado e para a qualidade dos serviços.
Por isso, a ideia simplista de “temos muitos funcionários públicos” como a causa de todos os problemas dos serviços públicos é enganadora e intelectualmente pouco honesta se se quer mesmo atingir o objectivo que os serviços sempre deverão perseguir: servir com qualidade os seus cidadãos.

