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OPINIÃO
A cidade que não se celebra
Águeda foi elevada à categoria de cidade há 40 anos, a 8 de julho de 1985. A data, que marcou um passo importante na afirmação do concelho, passa ano após ano despercebida, sem lugar na festa nem com evocação pública.
Ao contrário de outros territórios que celebram com orgulho os marcos da sua história, Águeda parece alheia à sua própria memória. Será desinteresse? Falta de identidade coletiva? Ou apenas mais um reflexo da relação morna entre os que cá vivem e o lugar que habitam?
Quando Soberania do Povo saudou a nova cidade, fê-lo com entusiasmo e sentido de futuro. Reconhecia-se o dinamismo económico, a força industrial, o valor das instituições. Mas também se deixava um aviso: uma cidade constrói-se todos os dias — pelos seus comportamentos, pela cultura que promove, pelo envolvimento cívico da sua população. Quarenta anos depois, a pergunta impõe-se: o que temos feito com esse estatuto?
Na altura, havia quem desconfiasse do rótulo: “cidade de papel”, diziam alguns. Temiam que nada mudasse no essencial. Outros apontavam a ausência de espaços de lazer, de atratividade, de espírito coletivo. Hoje, além do contexto, o que mudou? E como mudou?
Celebrar datas simbólicas não é um capricho de calendário. É uma oportunidade de fazer balanços, de refletir sobre o caminho percorrido e de renovar compromissos com o futuro. Uma cidade que ignora a sua história abdica de a projetar.
Águeda não é menos cidade por não assinalar o seu aniversário. Mas talvez revele um traço que a limita: a dificuldade em reconhecer o seu valor, a sua identidade, a sua singularidade.
Águeda precisa — mais do que eventos — de se reencontrar consigo própria. De se ouvir. De se orgulhar do que construiu. De projetar com ambição o que pode ser. E isso começa por lembrar, por celebrar, por não excluir nem deixar cair no esquecimento as datas que fazem parte da sua narrativa.
A cidade, que há 40 anos dizia ser o País mas procurava o futuro, não pode, hoje, desistir da memória. E, tal como há 40 anos, não pode “andar de costas viradas uns para os outros”.
Investimento na Defesa (2%, 3,5% e 5%)
Na Cimeira de Haia da Aliança Atlântica ficou decidido que os aliados iriam aumentar o investimento na Defesa, no prazo de 10 anos, para 5% do Produto Interno Bruto. De acordo com o que foi comunicado, desses 5%, 3,5% destinar-se-ão a despesas “puras” na Defesa e os restantes 1,5% em despesas relacionadas com a Defesa (por exemplo, uma infraestrutura de duplo uso). Estamos a falar, para Portugal, em valores a rondar os 12 mil milhões de Euros a mais do que é hoje orçamentado.
Por outro lado, o Primeiro-ministro anunciou que, ainda este ano, o nosso país atingirá o valor de 2% do PIB, antecipando 4 anos ao que tinha previsto. Isso implica um aumento de erca de 1,1 mil milhões de Euros para a Defesa. Comprometeu-se a que não poria em causa o Estado Social, nem aumentaria impostos. Aliás, até se comprometeu a baixar o IRS até ao 8° escalão já no mês de agosto.
Sabemos que o fim último do Estado é garantir a segurança e o bem-estar dos cidadãos. A segurança é, desta forma, um bem. Bem esse que não é barato.
Cá estaremos para ver como irá o governo resolver a “quadratura do círculo” de investir mais na Defesa sem colocar as outras funções em causa. Diminuir o investimento público?
Aumentar impostos indiretos? Contabilidade criativa? E isto para passar dos 1,58% (atual) para os prometidos 2% deste ano. E quando tivermos de atingir os 3,5% / 5%? Terá a nossa economia saúde para suportar tal investimento?
Não permitiremos que seja diminuída a qualidade de vida dos portugueses e também não permitiremos que o Estado não honre os seus compromissos.
Só há um caminho: investir na base industrial de defesa, em cooperação com as Universidades, aumentando valor em torno de um cluster em desenvolvimento, num círculo virtuoso, criador de recursos e, também, potenciador de coesão territorial.
Ao governo compete apresentar um plano e às oposições compete escrutiná-lo e sugerir alterações e melhorias.
Nós não fugiremos às nossas responsabilidades, mas terá o governo discernimento e coragem para cumprir as suas?
Entre palcos e promessas
Chegou o verão e, com ele, o inevitável desfile de palcos, luzes, brindes e promessas. No nosso concelho, como em tantos outros, arrancam agora dias (e noites) de festa, onde a cultura se mistura com a comida, a música se confunde com a política, e o povo, claro, comparece em massa. E ainda bem! Precisamos (e muito!) de cultura. Precisamos de sair de casa, de nos encontrar, de nos inspirar. Mas também precisamos que não nos distraiam.
Assistimos a um fenómeno curioso: as câmaras municipais têm vindo a tornar-se, na prática, promotoras de eventos. Organizam festivais, patrocinam concertos, enchem praças com atividades lúdicas. Porém, muitas dessas mesmas autarquias parecem aproveitar-se disso para não deixar subir a palco temas essenciais, fazendo esquecer o guião das suas funções principais como a habitação, mobilidade, ambiente ou até mesmo a juventude. E há quem diga “o povo gosta é de festa”. E gosta mesmo. Mas não será certamente só isso que queremos. É legítimo perguntar se não estaremos a trocar o essencial pelo espetacular, o duradouro pelo imediato. Enquanto isso, os jovens (a tal “geração do futuro” que soa bem saudar nas inaugurações) continuam a viver no presente, com salários baixos, rendas altíssimas, transportes caóticos e poucas perspetivas de se fixarem nas suas terras. E se alguma coisa os aproxima da política local, é, muitas vezes, um cartaz de festival com nomes sonantes. Não deixo de notar que muitos de nós olhamos para as autarquias como uma comissão de festas alargada, e isso é perigoso. Uma democracia saudável precisa de cidadãos exigentes, atentos e informados, não apenas bem entretidos.
Não se trata de rejeitar os eventos culturais, muito longe disso! Trata-se sim de perceber que a cultura não pode ser um anestésico coletivo, um espetáculo de fumo e luzes que disfarça os problemas reais. A cultura é também crítica, inconformismo, questionamento, e seria bom que a política local não tivesse medo disso. Por isso, neste verão, entre um concerto e outro, vale a pena lembrar: É bom termos cultura no cartaz, mas também é bom termos futuro no plano.
OS ESPELHOS PARECEM PARTIDOS
Por alguém que ainda acredita no princípio, mas desconfia do partido.
Nos tempos que correm, já não é o proletariado que perde as correntes. É a esquerda que perde o norte e às vezes o sul e o centro.
O colapso ético do PSOE é apenas o episódio mais recente de uma novela ibérica escrita em linguagem inclusiva, de punho cerrado ao vento, mas com personagens cada vez mais previsíveis e que cada vez menos dizem ao eleitorado. Sánchez, que há uns anos prometia ser o cavaleiro progressista da nova era, hoje cavalga no meio da lama institucional com a elegância de um elefante numa loja de porcelana.
Mas a tragédia, que é também comédia se deixarmos passar algum tempo, não fica do outro lado da fronteira. A esquerda portuguesa assiste, espantada, como quem vê o vizinho a tropeçar na escada e decide descer pela mesma de olhos vendados. Entre os que governam e os que fazem de conta que não governaram, reina a mesma obsessão: agradar a todos. O problema? A política, como a literatura, não sobrevive sem conflito. E um romance que tenta não ofender ninguém é apenas um anúncio publicitário.
A esquerda que nasceu para incomodar tornou-se perita em trocar convicções por consensos mornos, slogans por comissões, utopias por regulamentos. Denuncia o sistema, mas candidata-se entusiasticamente a fazer dele um marasmo.
Tenta ser radical e moderada, transgressora e responsável, marxista e… influencer. Resultado? Representa todos e ninguém, ao mesmo tempo.
Como diria Saramago, “somos a memória que temos”. Talvez o problema seja esse: há quem tenha perdido a coragem de se lembrar de onde veio, seja de esquerda ou de direita. E outros, pior ainda, já nem sabem se querem voltar. 
FESTAS RELIGIOSAS... CRISTÃS OU PAGÃS?
É evidente que não se vive e nada se constrói com críticas ou comentários destrutivos, apesar de termos alguma tendência reflexiva de observação, quando inseridos nos meandros de certos assuntos que fazem parte da missão pessoal ou de outrem.
Será caso específico, por exemplo, a organização das festas, ditas religiosas, sobre as quais nos debruçamos para perguntar se elas manifestam ou não o pendor religioso que se supõe trazerem em si mesmas. Serão, de verdade, cristãs e trarão consigo, ao menos, um pequeno laivo de piedade e Fé, para servirem de testemunho da prática e pertença a um povo que se chama “Igreja”, adoradora do Deus único ou veneradora daqueles que O aceitaram, seguiram e amaram?
Decerto, há sempre algo que deve aceitar-se como o desejo de servir e testemunhar a abnegação e entrega no crescimento da Fé.
As festividades religiosas trarão sempre consigo o ensejo de encontro de famílias que convivem de um modo especial. Tal convívio familiar pode considerar-se uma bênção pois acentuará o sentimento cristão de viver-se em comum quando o amor é razão profunda de vida na comunidade.
Durante a época das festas populares, homenageiam-se as pessoas dos Santos de todos os tempos, cujos nomes entraram na memória popular através dos muitos testemunhos e lendas ancestrais. Todavia, bastante mais deveria ser conhecido e, sobremaneira, respeitado.
Aqui, muitas vezes, deparamo-nos com o facto do desconhecimento de algo sobre determinada figura honrada e não se descobre qualquer interesse em actualizar conhecimentos e doutrina. É evidente que, dentro desta ambientação, há bastantes excepções, pois descobrem-se elementos preocupados em dar uma resposta séria e cristã a todo o seu envolvimento nas celebrações próprias.
Mas, que dizer, ou simplesmente pensar, de quantos indivíduos que vivem todo o seu dia a dia à margem de tudo quanto é Igreja, Fé, compromisso, empenhamento, testemunho?!
Habitualmente, até por falta de seriedade e sensatez, esses apresentam-se como os mais exigentes no sentido contrário ao que deveria ser.
É verdade que estes indivíduos se empenham em elaborar programas e demonstrações artísticas e lúdicas, mas isso não basta porque se afastam da verdadeira razão que está na base de quaisquer festividades, feitas à sombra daquilo que é a prática religiosa da comunidade.
A palavra “religião” significa precisamente o conjunto de conceitos e práticas que ligam estreitamente o Homem a Deus.
Quando a execução é contrária, manifesta-se um paganismo com cara de bem-fazer, provindo do interior de quem, afinal, se encontra num vazio humilhante para o campo da Fé.
Por todas as razões e mesmo aceitando o trabalho, boa vontade e colaboração de muitos, continuaremos a interrogar a verdade das festas, apelidadas de religiosas. Serão festas de carácter cristão ou um exercício de paganismo, levado a efeito à sombra daquilo que qualquer pessoa não se interessa por ver como caminho para a caridade fraternal e rumo para o Deus em Quem se diz acreditar?!
A POPULARIDADE NÃO É NOTORIEDADE
Vivemos num tempo em que a visibilidade é confundida com valor, e a popularidade — especialmente nas redes sociais — é usada como moeda para validar competências, ideias e até lideranças. O número de “gostos”, “partilhas” e “seguidores” tornou-se, para muitos, um atalho perigoso para a ilusão de importância. E quando essa lógica chega à política e à liderança institucional, o problema ganha uma outra gravidade.
Não são as crianças ou os adolescentes os grandes reféns desta distorção. São, demasiadas vezes, os adultos. E, pior ainda, aqueles que deveriam dar o exemplo: dirigentes associativos, políticos, candidatos a políticos. Aqueles que pensam que o que importa é o número de visualizações, de gostos e de comentários, não tanto a natureza e importância do conteúdo - como cheguei a ouvir isso de viva voz. Aqueles a quem caberia elevar o debate, valorizar o pensamento, proteger a seriedade das instituições que representam. Esses, com frequência, rendem-se à vaidade e o seu compromisso com os outros substitui-se à autoexposição pública.
Esse desvio tem custos profundos. Desde logo, empobrece o discurso público. Porque quem se preocupa em agradar à maioria, dificilmente arrisca ter ideias difíceis ou complexas. Uma liderança que se gere pelo espelho das redes é uma liderança fraca, instável, refém da espuma dos dias. E isso é perigoso.
Por outro lado, quem deveria ser professor, exemplo, referência, torna-se apenas mais um competidor no ringue da atenção fácil. E é legítimo perguntar: que valores estão a ser transmitidos aos mais jovens? Se quem lidera e representa usa o mesmo tom, os mesmos truques e os mesmos vícios de alguns influenciadores que nem sabem falar corretamente a sua própria língua, que não têm princípios sólidos nem capacidade de pensamento crítico — que futuro estamos a construir?
Há, de facto, “influencers” que somam audiências sem saberem conjugar um verbo, sem conseguirem expressar uma ideia com clareza, sem demonstrarem qualquer respeito por valores básicos como o respeito, a responsabilidade ou a verdade. A notoriedade destes é, geralmente, efémera. Seduzem, mas não sustentam. O problema é que, quando este modelo é replicado por dirigentes políticos ou associativos, os danos não são apenas pessoais: tornam-se coletivos.
A política exige elevação. A liderança exige coerência. As instituições exigem responsabilidade. Jogar com a popularidade como se fosse argumento suficiente é desistir da exigência e, no limite, trair a confiança de quem se representa. Porque não se trata apenas de ganhar atenção. Trata-se de merecê-la. E merecer implica trabalho, ideias, consistência, princípios — tudo o que não cabe no imediatismo.
Este é um tempo de investimento público como nunca. A Europa tem-se encarregado de olhar por nós mais do que nós pela Europa. Daqui a uns anos se avaliará se estivemos à altura do momento e se a gestão pública cumpriu a sua missão. Se criou bases sólidas para o futuro ou se mergulhou na feira das vaidades e na satisfação imediata dos seus protagonistas.
A democracia não pode ser reduzida a uma batalha de vaidades. Se for, perde-se a exigência, perde-se o conteúdo e, pior ainda, perde-se o respeito. E sem respeito, a política transforma-se num espetáculo. E quem paga o bilhete, em vez de cidadão, passa a ser apenas espetador. Ou pior: vítima.
O DIREITO À INDIGNAÇÃO
“De cedência, em cedência até ao extermínio final!…”. Não é um titulo de filme de terror ou um pesadelo de uma noite de insónias, mas pode ser o princípio do fim da civilização europeia, como nós a conhecemos.
Todos nos preocupamos, e bem, dos horrores que estão a acontecer em várias regiões do Mundo, por desrespeito dos princípios básicos de regras, regulamentos e tratados civilizacionais que deviam ser balizas intransponíveis por qualquer ser humano, organização, governo ou país.
Todos ficamos indignados pelo que vemos e ouvimos sobre as consequências de conflitos e guerras que não deviam existir e que só provocam fome, miséria, horrores e mortes.
Mas...parece que os europeus ainda não perceberam o que está a acontecer nos seus países!...
Será que há uma total amnésia, irresponsabilidade, ignorância ou falta de respeito dos governos pelas leis, normas, regulamentos, cartas constitucionais, cultura, costumes e tradições, dos seus próprios países, deixando que, outros, venham desrespeitar tudo e todos para impor, de forma estratégica, bem organizada, hábil mas traiçoeira, as suas regras, hábitos, religiões e costumes, muitos deles violentos e discriminatórios?
Será que ainda ninguém percebeu que, o resultado desta invasão, pode ser o extermínio da civilização europeia, a curtíssimo prazo?
Onde estão as forças vivas do nosso país, a imprensa escrita e falada, as organizações dos direitos humanos, as entidades que têm a obrigação de cumprir e fazer cumprir as leis portuguesas, a segurança, e combater tudo e todos aqueles que não cumprem nem respeitam Portugal e os portugueses?
Quem acha que a análise, discussão e preocupação desta invasão desmedida, com consequências gravíssimas, tem a ver com política de esquerda ou direita, ou com a imigração legal e necessária, está a cometer um grave erro estratégico e, se nada for feito com urgência, firmeza, seriedade e grande sentido de responsabilidade, as próximas gerações serão as vítimas inocentes de uma Europa decadente, descaracterizada, perigosa e violenta, que não foi capaz de travar uma invasão silenciosa e mortífera.
Era bom pensarmos nisto e os responsáveis políticos deviam agir rapidamente, se ainda forem a tempo!....
A POBREZA JÁ NÃO É O QUE ERA
Foi divulgado o “Portugal Balanço Social 2024”, um relatório produzido por investigadores da Universidade Nova de Lisboa, que analisa a pobreza em Portugal, com base em dados de 2023.
Entre os muitos números relevantes e úteis para análise deste fenómeno em Portugal, salta à vista um dado: 10% das pessoas que têm um trabalho remunerado, estão em risco de pobreza. Quer isto dizer que 1 em cada 10 portugueses que têm um salário, vive com rendimentos abaixo do limiar de pobreza.
Historicamente, a pobreza era um fenómeno que atingia população em condições particulares: idosos, pessoas com baixa escolaridade ou a viver em zonas rurais. Estes continuam a ser grupos bastante afectados. As pessoas em idade activa e com trabalho remunerado estavam normalmente “a salvo” da fatalidade da pobreza. O emprego era visto como o “antídoto” contra a pobreza.
Embora esta “máxima” ainda faça sentido para a maioria, o trabalho remunerado já não é a garantia, o tal “antídoto” infalível que garante imunidade a uma situação de pobreza. Este dado, que é bem real para cerca de 500 mil trabalhadores em Portugal, é por isso surpreendente.
Infelizmente, e apesar de o problema ser premente para muitas famílias, não há uma solução simples, muito menos imediata. Para reduzir o risco de pobreza de quem trabalha é necessário desenvolver uma terapia simultaneamente “preventiva” e a “curativa”.
A terapia “preventiva” permite fortalecer o país para poder ter melhores trabalhos, mais valorizados social e economicamente. Para isso é necessário preparar as pessoas dando-lhes condições para adquirir competências realmente úteis e ajustadas ao mercado de trabalho do futuro. Por outro lado, é necessário fortalecer o tecido empresarial, apostando em sectores e áreas de negócio de grande valor acrescentado e em reformular a composição do tecido empresarial, aumentando a presença de médias e grandes empresas, com maior capacidade empregadora e de oferecer melhores salários e condições de trabalho.
A terapia “curativa” tenta conter os efeitos negativos dos riscos de pobreza. Como exemplo de medidas directas, o apoio social a trabalhadores, uma espécie de rendimento complementar que, juntamente com o salário, permitisse atingir um rendimento mensal capaz de retirar o trabalhador do risco de pobreza.
As medidas indirectas incluem as que aliviam os custos em áreas essenciais, como a habitação, o transporte, a energia ou a educação. Esta “terapia “curativa” deverá ser sempre entendida como temporária, e com tendência para diminuir, à medida que a terapia “preventiva” produz efeitos.
A pobreza e exclusão social nunca foram associadas ao emprego, mas ao desemprego. Mas perante novas realidades é necessário reinventar a forma de actuar. Continuar a fazer o mesmo à espera de resultados diferentes não é inteligente. Se a pobreza já não é o que era, então a forma de a combater também terá de mudar.
SUV'S @ÁGUEDA.PT
Bentley Bentayga, Rolls Royce Cullinan, Aston Martin DBX, Porsche Cayenne, Ferrari Purosangue, todos estes fantásticos automóveis se enquadram na categoria SUV – Sport Utility Vehicle, ou “veículo utilitário e desportivo”, um tipo de automóvel muito popular nos últimos anos, caracterizado pela maior capacidade de carga e altura ao solo, frequentemente equipados com tracção às quatro rodas. Ainda assim, e para o tema que justifica este artigo, temo que, ainda não sejam suficientemente robustos.
Já me “chamaram à atenção” por escrever tantas vezes sobre o estado das estradas do concelho, mas há situações (cada vez mais) extremas que merecem os meus alertas. O piso irregular da EN.230, da Castanheira para cima, rumo ao Caramulo, está num estado lastimável, a solução “alternativa” por Falgoselhe, rumo ao Freimoninho, idem, e nem sei como caracterizar a autêntica “picada” entre a Barrosa/Préstimo e a Urgueira.
O estado destas vias ultrapassou todos os limites do razoável. Experimentem, por exemplo, ir almoçar ao restaurante “A Escola”, em Macieira de Alcoba, ou visitar o limite do concelho na belíssima Urgueira, e perceberão o que estou a dizer. Há troços em que deve ser maior a área de buracos e pedras do que da fina camada de, digamos, “alcatrão”. Se antes ainda nos íamos desviando dos buracos, essa tarefa tornou-se impossível e já não dá para evitar sucessivos saltos e quedas nas imensas crateras.
Curiosamente, há algumas décadas sentia-se uma melhoria dos pisos ao vir do Distrito de Viseu para o de Aveiro, com melhores estradas no concelho de Águeda. Agora, a situação inverteu-se: após os infames buracos nas vias aguedenses, sentimos óbvias melhorias ao entrar nas estradas de Viseu, seja rumo ao Freimoninho, São João do Monte ou Paranho de Arca. Como diria Ricardo Araújo Pereira num saudoso sketch, dão-nos “quinzazero”…
Os recentes trabalhos na EN.230 ficaram impecáveis até pouco depois da Castanheira do Vouga, mas daí para cima e até à divisão de distritos, é o caos. Durante esta obra, ainda há poucos meses, fiquei esperançado que, naturalmente, a mesma iria até ao final; infelizmente, pararam a meio e as máquinas foram embora. Para quando a conclusão desta obra fundamental? Já só faltam menos de dez quilómetros…
Os avultados gastos em pneus, suspensões e desgaste dos automóveis poderão ser pouco relevantes para os felizes proprietários dos SUV’s que mencionei no início deste artigo, mas por este andar também estes terão de os trocar por veículos mais adequados, como um G-Class, Defender, Land Cruiser ou mesmo um Hummer H1, porque isto já não vai lá com Dacias Duster ou Fiats Panda 4x4…
Mais uma vez – nunca é demais – relembro que a coesão do concelho não pode ficar-se por palavras bonitas de ocasião nem chapéus de chuva coloridos. Os eleitores das zonas serranas podem ser poucos, mas são tão importantes como os “cá de baixo”, e como dizia o slogan de umas autárquicas há alguns anos, Águeda tem de ser “da interioridade serrana à litoralidade ribeirinha”…
"O FUTURO É JÁ!"
Quero, pública e humildemente, confessar a minha ignorância quanto à esquematização do tempo. Acredito que Deus não usa relógios, nem calendários ou agendas. Para Ele apenas existe o presente, o agora, o hoje. Os homens é que contam o tempo que foi, é ou há-de vir. Chamamos a isso o passado, o presente, o futuro.
Eu já tive um passado, vivo, habitualmente e com gosto, cada momento presente. Todavia, e aqui reside a minha inquietação de ignorante, não sei definir o futuro.
Há alguns dias, olhei para um grande cartaz, ao gosto político com letras grossas e gordas, onde li a novidade: «O futuro é já».
Reli o mesmo em diversas ocasiões e então, agora, pergunto se o tal futuro anunciado não se tornou já passado. Ou não aconteceu nunca o dito futuro, continuando a sociedade no ramerrão sem nada se fazer nem a deixar-se fazer.
Bem reconheço que todas as historietas que experimentamos causam muitas respostas dúbias e alguns embaraços porque a sociedade espera, debalde, esse advir de felicidade e paz, mas que, aliás, acaba por nunca chegar.
Percebo e aceito tal prenúncio do que poderá acontecer, contudo, reparo que quem anuncia que o futuro é já aparece, de imediato, como o primeiro a dar conta de serem goradas todas as sua conjecturas e promessas, cujo cumprimento está muito para além da sua vontade e inteligência.
O desvirtuamento é latente e reconhecido e a desfaçatez não consegue ultrapassar a fragilidade da mente humana.
É que o tal futuro prometido para já subentende capacidade de trabalho, convicção, entrega desinteressada e honestidade no respectivo anúncio. Exige bases sérias e experimentadas, como também alicerçadas na humildade da verificação das incapacidades morais ou anímicas, porque por nada se pode esperar que as coisas aconteçam só pelo facto de serem anunciadas. É preciso adquirir meios concretos para se chegar a um fim almejado e eles são o saber dar-se ao serviço da comunidade, a honestidade, a tranquilidade, o desapego.
E aqui pode ser lembrado o adágio da religiosidade popular quando diz que, nos votos e compromissos “os santos esperam, mas não perdoam.”
Ora, neste caso que vou aduzindo, como que simbolicamente, “santos” são as pessoas do povo em dificuldades imensas de vida nos seus mais diversos sectores a quem se prometem soluções de todos os tipos, mas se vêem logrados porque os propósitos proclamados e prometidos como sendo da maior verdade e confiança, são apenas valores obliterados ou ilusões elaboradas pela ânsia de poder e hegemonia de nome.
Não me admirarei, pois, se encontrar um outro cartaz a substituir o anterior ou ouvir a voz dos pregoeiros fretados que em coisa nenhuma se comprometem, proferindo sarcasticamente esta bombástica comunicação: «Camaradas, o futuro foi ontem e o ontem é passado, por isso, não pode voltar-se atrás».
P.S. – Para nós todos, nada feito!
MORREU A SÃO POR DIZER QUE NÃO
Quantos mais corpos esfaqueados terão de ser encontrados para que a sociedade diga basta! Acabou o mundo em que nascer com um pénis e dois testículos era o suficiente para reinar. A mulher - criança, adolescente, adulta ou idosa - não tinha voz, não tinha direito ao N?O. E todos se coligavam para a apontar com o dedo. Violada em criança, calada! Assediada em adolescente, apedrejada! Humilhada e esbofeteada em adulta, culpada! Desprezada e roubada em velha, ignorada!
Será que não dá para ver que o mundo velho está a estalar como calças que já não servem? Portugal vive de ilusões: assim como pensa que os Descobrimentos vão até ao fim dos tempos lembrar o prestígio da lusitana pátria, pensa também que o direito de voto dado às mulheres em 1822 quando a França só o dá em 1944 faz do país um país progressista! Onde está o progresso quando um povo em peso se vai assujeitar a um ditador por mais de cinco décadas no século seguinte? São fulgurações sem sentido.
É tempo de o homem deixar de querer dominar a todo custo e sentar-se à mesa com a mulher para pensar uma sociedade justa e melhor. Se não o fizer, só resultará guerra porque a guerra foi de todos os tempos o meio que o homem utilizou para impor-se pela virilidade e pela força. A mulher não vai mais aceitar ter lugar subalterno porque agora ganha a vida, é responsável pelo seu sustento - e muitas vezes pelo dos filhos - sabe trocar uma lâmpada, um pneu furado… por outras palavras não precisa do homem como precisava outrora. O mundo evoluiu e não é possível recuar a menos dum grande apagão que obrigasse a ir à caça para conseguir mantimento. A única solução é realmente sentar-se à mesa e decidir juntos do mundo que se quer construir e da maneira de o conseguir.
São, minha irmã São, não morrestes em vão. Não podes ter morrido em vão.
Ai daquele que disser que não devias ter tido um caso com o individuo.
Ai daquele que te negar - assim como a todas as outras - o direito ao engano e mais uma vez julgar que o homem pode onde a mulher não.
Ai daquele que imaginar que fizeste pouco e recebeste o devido castigo! Esse faz do homem um ser melindroso cuja sensibilidade excessiva lhe corrompe os nervos.
Poderá ser homem quem tem força para esfaquear a matar e não tem para aguentar o desprezo de quem lhe diz que ele não serve!?
São, a tua memória – e a de tantas outras - é semente para que os direitos da mulher, como ser humano que é, sejam verdadeiramente reconhecidos. Mas já não devia ser. Não consta que a gaivota que voava, voava dando ao povo português uma lição de liberdade tenha alguma vez feito distinção entre o homem e a mulher.
UMA CRISE CHAMADA ÁRTICO
O degelo no Ártico é um dos problemas mais evidentes que advêm das alterações climáticas e que tem passado despercebido. É causado maioritariamente pela perda do efeito albedo e degelo da permafrost. O efeito albedo diz respeito à capacidade de superfícies mais claras, como a neve, refletirem a luz solar, impedindo, assim, a sua absorção e consequente aquecimento global. O degelo da permafrost, que é a camada da crosta terrestre que se encontra congelada, dá origem à libertação de gases de efeito de estufa como o dióxido de carbono e metano, que até então se encontravam retidos por esta camada.
As principais consequências desta crise são a subida do nível da água, aumento da temperatura média global, perda de biodiversidade devido à destruição do habitat, afetando espécies como o urso-polar, aumento de desastres naturais e aumento da atividade industrial nessa zona. A atividade industrial aumenta visto que zonas que anteriormente se encontravam impedidas, passam a estar acessíveis dando abertura para a extração de gás e petróleo, indústria mineira e transporte marítimo comercial. Em fevereiro deste ano, atingiu-se um recorde, com os dados a revelarem um novo mínimo de gelo marinho.
Face aos factos mencionados anteriormente, impõe-se a questão: o que é que está a ser feito no sentido de contrariar esta crise? Ora, estando o degelo no Ártico diretamente ligado às alterações climáticas, pouco ou nada está a ser feito. Os interesses das grandes potências mundiais sobrepõem-se, de forma totalitária, à proteção do ambiente.
Em 1996, foi formado o Conselho do Ártico, que visa promover a cooperação entre os estados, com a participação da população afetada diretamente. Este conselho é formado por oito países: Finlândia, Canadá, Noruega, Islândia, Dinamarca, Suécia, Estados Unidos da América e Rússia. Porém, na prática, este Conselho não tem grande poder de mudança.  Para além disto, a presença dos EUA e Rússia neste conselho é, no mínimo, irrisória e contraditória, visto que as suas ações vão precisamente contra a proteção do Ártico. Acordos internacionais como o de Paris e o conselho mencionado ficam, assim, muito aquém daquelas que devem ser as exigências para a resolução desta crise. As evidências existem, os dados são preocupantes e mesmo assim a inércia fala mais alto, tornando coniventes todos aqueles que podiam lutar para contrariar a situação e escolhem não o fazer. 
UM PAÍS À JANELA ENTRE CORTINAS E ALGORITMOS
Ir para outros países conhecer pessoas de diferentes culturas e backgrounds, faz-nos colocar em dúvida muitas crenças que temos como adquiridas, faz-nos abrir o leque de experiências e faz-nos perceber que somos muito manipulados diariamente.” Esta frase, dita pela investigadora aguedense Rita Sobreiro Almeida em entrevista recente ao Soberania do Povo, deveria ser lida e relida por quem ainda acredita que o mundo começa e acaba no que se vê no ecrã.
Sair – verdadeiramente sair, observando criticamente –, em trabalho ou em lazer, é uma das experiências mais libertadoras que alguém pode ter. No trabalho, o contacto com o mundo fora do nosso país acrescenta realidade, confronto, uma perceção mais alargada – mesmo que essa experiência nos seja, muitas vezes, imposta pelas circunstâncias profissionais.
Já no lazer, a escolha é nossa. E é aí que reside talvez o maior poder transformador: quando decidimos sair do conforto do conhecido e do previsível para nos confrontarmos, voluntariamente, com outras formas de viver, de pensar, de estar. Não necessariamente melhores que a nossa mas diferentes - cujas circunstâncias, desde que conhecidas, nos ajudam a compreender.
Compreender é uma das expressões mais profundas da inteligência — especialmente da inteligência humana, que não se limita a acumular dados, mas a interpretá-los, a questioná-los e a transformá-los em significado. Não é apenas resolver problemas; a verdadeira inteligência envolve analisar contextos, estabelecer relações entre ideias, imaginar alternativas e agir com discernimento.
Por isso, em lazer, não falo de férias com tudo incluído, mas de contacto real com outras culturas, outras formas de viver, outras prioridades. É nesse confronto direto com a diversidade que percebemos como tantas das nossas certezas são frágeis, ecoando de tanto repetidas, não pensadas a fundo. É também aí que sentimos, com um misto de surpresa e desconforto, que somos manipulados – pelo que nos mostram e, sobretudo, pelo que nos escondem.
Portugal é, geograficamente, uma das pontas da Europa. Mas mais do que a geografia, o que nos isola é a forma como olhamos (ou não) o mundo. A televisão, ainda hoje o principal meio de formação de opinião em muitos lares, mostra uma realidade filtrada, redonda, confortável. Doses diárias de indignação superficial, entretenimento previsível e debates onde quase ninguém se escuta. Intriga e emoção em horário nobre, ajustado à audiência de consumo fácil. A sustentabilidade exige-o.
Se à televisão juntarmos as redes sociais, o cenário agrava-se: em vez de alargar o olhar, o algoritmo estreita-o, reforça crenças e fecha-nos numa bolha onde o diferente raramente entra. Tal como nas antigas tribos, o que une as pessoas nas redes já não é a verdade ou o debate racional, mas a emoção partilhada e a rejeição de quem pensa diferente.
A realidade é outra: há um mundo inteiro para além do que nos mostram. E esse mundo é desafiante, fascinante, complexo. É feito de exemplos que ousaram sair da sua bolha, que apostaram na educação crítica, que estimulam a mobilidade e o pensamento livre. E é também um mundo onde se pode perceber que o nosso orgulho nacional, por vezes justo, é frequentemente alimentado por comparações escolhidas a dedo e pela ausência de alternativas no nosso campo de visão.
A pergunta impõe-se: a quem interessa que os portugueses não abram os seus horizontes? A resposta talvez seja desconfortável. Um povo que pensa, que questiona, que viaja e compara, é um povo mais difícil de manipular. Menos disponível para aceitar o “é o que temos”, mais consciente do seu compromisso e mais criterioso na sua exigência.
Abrir horizontes não depende apenas de viajar fisicamente. Depende, sobretudo, de um espírito inquieto. De educarmos para a curiosidade. De investirmos em atividades extracurriculares cá dentro mas incentivarmos os nossos jovens – como faz a investigadora Rita Sobreiro Almeida – a sair, a explorar, a desconstruir. E, depois, a regressar. Não para repetir o que viram lá fora, mas para transformar, com espírito crítico e compromisso, a realidade que cá deixaram.
Portugal precisa, mais do que nunca, de abrir as cortinas e olhar para o mundo sem medo. Porque só quem vê o mundo pode ver melhor o seu lugar nele.
ELEIÇÃO PARA DEPUTADO DÁ CARGO NO GOVERNO
Ainda debaixo dos efeitos das últimas eleições legislativas, depois de um ano de governo minoritário, a Direita está largamente representada no Parlamento, e a Esquerda, em particular o partido socialista, entrou numa crise de identidade que só não será mais grave porque o futuro líder José Luis Carneiro tem a espinhosa missão de reabilitar o partido ao centro.
O PCP e o Bloco de Esquerda quase desapareceram, em favor de um partido da esquerda elitista como é o Livre do Rui Tavares, sempre disponível para dar a mão ao PS, ou para tornar o Estado num gigante ainda maior, empurrando-o para a esquerda burguesa e bem pensante, esquecendo o património histórico da esquerda que é o Estado Social, os pobres e os mais desfavorecidos.
A extrema direta representada no CHEGA, partido de protesto dos descontentes e deserdados da democracia, foi claramente vencedor, agora com o estatuto incontornável de maior partido da oposição, irá continuar a cavalgar a onda populista do anti sistema, usando a narrativa da luta contra a corrupção, contra os partidos do regime (PSD e PS), contra os interesses instalados e contra aquilo que apelidam de “bandidagem”.
Se dúvidas houvesse, o país ficou agora com a certeza de que o Chega foi e continua a ser um produto do PS e da habilidade de António Costa, quando inventou a geringonça e tentou encostar a Direita democrática ao anti sistema do Chega, numa estratégia só travada pelo “não é não” de Luis Montenegro.
Por seu turno Luis Montenegro sai claramente reforçado destas últimas eleições, não só porque aumentou o número de deputados da coligação AD, como pela renovação de algumas pessoas que nomeou para o novo Governo, centrando a sua estratégia na tão propalada e nunca concretizada reforma do Estado.
É precisamente no âmbito da reforma do Estado que o novo Governo não pode falhar mais esta oportunidade para tornar o país mais competitivo e as instituições mais ao serviço dos cidadãos e não dos privilegiados do sistema.
Uma das grandes reformas devia ser a reforma do sistema eleitoral que ainda permite que as candidaturas para o cargo de deputado a Assembleia da República – espaço de eleição dos representantes do povo – sejam desvirtuadas com o recrutamento de deputados eleitos para exercício de funções como ministros, secretários de estado, chefes de gabinete ou assessores, permitindo que os “seguintes da lista que foi candidata às eleições” vão substituir os nomeados para os cargos governamentais.
Só no círculo eleitoral de Aveiro, a lista candidata pela AD foi agora amputada de 4 candidatos a deputados, incluindo o cabeça de lista que foi para Primeiro-Ministro.
Muitos consideram e eu acompanho, que esta transumância de cargos é uma perversão do princípio da representatividade, e por vezes constitui uma fuga ao compromisso (contrato social) que os deputados assumem com os eleitores.
De resto, isto só acontece num sistema de eleição que não é uninominal, em que as pessoas votam em listas e cores escolhidas por diretórios partidários (concelhias e distritais), e não em candidatos a deputados que sejam conhecidos pelos seus nomes, competência, mérito, currículo e provas dadas, sendo algumas mulheres escolhidas só por sistema de quotas, diminuindo a sua dignidade, sem reclamação.
É sabido que a base de recrutamento de pessoas para a política é cada vez mais curta, por força destas e outras manobras de utilização do sistema para satisfazer cargos e empregos, e não para escolher os melhores nem os mais capazes para o exercício de funções nobres da Politica ao serviço dos cidadãos. Depois queixem-se que o populismo não dá tréguas.
IMPIEDOSO DESTINO!
Rosália, nome fictício, era uma miúda de cabelos negros, sobrancelhas carregadas, olhos bem desenhados e pestanas fartas que dispensavam quaisquer artificialidades.
Na frescura dos seus doze anos era, na pastorícia, a nossa companheira dileta.
As linhas do seu corpo acentuavam-se e os relevos denunciavam temporã puberdade protegida por, apenas, um curto vestidinho de chita comprado na feira da Fontinha que se lhe arregaçava quando ela subia, às arvores, a colher frutos primaveris que nos atirava. Nós. debaixo da fruteira, se não, pasmados a contemplar os seus encantos, apanhá-los-íamos no ar.
A passos largos, ramo em ramo, ela subia mais alto e mais além a buscar os mais coradinhos do sol; por baixo da árvore, estasiados, espreitávamos por entre as folhas a contemplar os enfeites do seu corpo, quase desnudo, cujas formas, dia-a-dia, desenvolviam mais e mais.
Na descida da árvore, ajudávamo-la no último lanço do tronco centenário e festejávamos a sua agilidade enquanto, imitando o que a mãe fazia ao avental quando ia à horta, ela puxava as pontas do curto vestido para levar as maçãs no regaço, sem, na sua inocência, se preocupar ao expor as suas intimidades.
Nessa época do ano, o lugar preferido para apascentar os animais era nas pedreiras, próximo dos carris do vale do Vouga, no acesso à margem esquerda do rio Águeda pela ponte de ferro que separa Travassô de Eirol.
Numa tarde, inesperadamente, a Rosália desapareceu do nosso controle - necessidades fisiológicas – pensámos, mas ela demorava e a nossa inquietação avolumava-se, mas ela apareceu, toda afogueada, mas feliz.
Daí em diante, todas as tardes, ia pela base do aterro num carreiro bem coteado, fazendo uma incursão, à vastidão da vegetação:
- Alto, se a miúda não está doente…, aqui há gato e pusemo-nos de atalaia!
Logo na tarde seguinte, à mesma hora, ela cumpria o ritual quando, sorrateiramente, o Chico, nome fictício, de bicicleta seguia a linha do comboio na direção da Rosália que e, num ápice, desapareceu entre a ramalhada.
No dia seguinte, fechada a taberna/mercearia do pai e um papel porta a informar - fechada 1 hora - sem indicar início nem fim, passou a horário rotineiro veraneante disfarçado de ciclista e a inocente pastora:
- Três meses depois, Rosália deixou de nos acompanhar!
Era verão, passámos os animais para a zona do rio velho, o primário curso do rio Águeda que, com mais humidade, conservava os pastos verdes todo o verão e, no fim de uma estiosa tarde de sábado, preparávamo-nos para regressar com os animais ao redil quando no apercebemos de um estranho ruido na borda do rio e a curiosidade levou-nos, pé ante pé, entre milheirais até ao local - três moças, bem adultas e sem qualquer pudor despiam seus belos corpos e mergulhavam nas águas cristalinas do rio:
- Ainda não havia cromagens em Águeda!
Com o sangue a uma velocidade supersónica, abeirámo-nos do rio onde elas, dentro de água, se divertiam com a liberdade do nu, no isolamento do seu quarto.
Com a pressão arterial a subir e um elevado sentimento, surpresa, pelo à vontade com que elas, insinuando-se, se divertiam, escondemos as roupas que deixaram na borda do rio, no buraco de um velho salgueiro carcomido e partimos, rumo à aldeia.
No domingo os animais ficavam, a seco, no curral e, na aldeia, quase toda gente foi à missa.
Não sabemos com que roupas elas chegaram a casa, mas sabemos que, no domingo, do trio que foi ao banho, só uma festava na igreja, olhando-nos como quem vê em nós, os autores da proeza.
No fim de missa fomos inspecionar o local e, ao meter a mão no buraco onde, supostamente, estariam as roupas surpreendeu-nos uma bicada da passarola que guardava os filhotes que, assustada, esvoaçou para um lamigueiro, vigilante e com ameaçador olhar.
Ao seguir o percurso da ave, vimos que as roupas que procurávamos estavam espalhadas nas amieiras da beira do rio:
- Obra prima da mãe passarola que tirou as roupas de cima dos filhotes!
- Ainda é segredo o que até casa, cobriu as ninfas do rio!
Depois das primeiras chuvas outonais, abandonámos o vale e subimos ao outeiro, agora, verdejante, mas da pastora nossa companheira, nada sabíamos e, quando perguntámos, à família, disseram-nos que ela fora para casa da irmã, em Aveiro:
-O nosso coração temeu o pior!
Gostávamos da sua companhia, da sua espontaneidade, da sua felicidade e alegria de viver. Mas no zum/zum da aldeia, dizia-se que, o dono da taberna, sonegada e urgentemente, mandou o filho, sedutor da adolescente Rosália, para o Brasil, mas, entre dentes, falava-se em algo mais grave.
Ao fim do tempo de gestação, nascia uma menina que foi criada por uma parente do fugitivo e, presumível pai, Chico.
A desventurada Rosália, no isolamento do seu quarto, suicidou-se e, sabe-se lá porquê, Chico, o seu sedutor, pôs termo à vida, atirando-se da ponte de Guanabara para as águas da Baía!
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OPINIÃO | Carlos Abrantes | A Coreia do Norte é fixe
Quando disse aos meus amigos que ia de férias para a Coreia do Norte a reacção não se fez esperar. Para a Coreia do Norte? Tens a certeza que queres ir para a Coreia do Norte? E ficavam a olhar para mim com aquele ar compadecido de quem acha que eu tinha perdido o tino. Com tantos destinos de sol e mar, com Mediterrâneo e Caraíbas, com Brasil e Tailândia eu escolhera a Coreia do Kim Jong-Un, Mr. Rocket Man!
E foi uma óptima escolha.
Aconselho aos ambientalistas do PAN, tão na moda, e aos amantes das grandes causas politicamente correctas, uma estadia naquele paraíso ambiental. Não sofrerão com os engarrafamentos das grandes metrópoles capitalistas porque em Pyongyang, a capital, praticamente não circulam automóveis, nem camiões, nem autocarros. Emissões de carbono zero, ou quase.
Em contrapartida vê-se muita gente a pé, a caminho do trabalho ou de lado nenhum, promovendo um estilo de vida saudável, sem complicações cardiovasculares ou de diabetes. À excepção do “querido líder”, não vi gordos. Uma vitória do povo norte coreano que, desse modo, pode dispensar a existência de serviço nacional de saúde.
Também o regime alimentar muito frugal, pobre em hidratos de carbono, proteínas, gorduras e açúcares, com consumo de carnes vermelhas zero, é um exemplo para o mundo. Daí que seja seguido de perto pela comunidade científica, nomeadamente pela Universidade de Coimbra que, numa atitude pioneira e esclarecida decretou a proibição do consumo de carne de bovino nas cantinas estudantis.
Há, no entanto, um “mas” que perturbará os nossos amigos do PAN. Os Norte coreanos gostam, e consomem, carne de cão. Em ocasiões especiais, é certo, mas comem cão. Sopa de cão, cão guisado, cão frito, mil maneiras de cozinhar cão... Tal como o PAN eles também gostam de animais. Têm uma forma diferente de gostar, mas que gostam, gostam!
E gostam também dos líderes. Não os comem, porque não podem, mas têm um carinho especial pelos líderes. Erguem-lhes estátuas monumentais. Aos três – ao avô, ao pai e ao filho. Uma democracia, nas palavras de Bernardino Soares, transmissível de pais para filhos.
É tudo em grande! São enormes as estátuas, os cemitérios, os edifícios públicos, as bibliotecas, os museus, ou os estádios. E os espectáculos e as manifestações populares de apoio, ou de pesar. E as auto-estradas, ah as auto-estradas! Com três pistas em cada sentido, viajei a partir de Pyongyang para sul até ao paralelo 38 e para norte até Myohyang. Um espanto! Sem portagens nem congestionamentos, sem aselhas nem chico-espertos. Centenas de quilómetros sem um sobressalto ou um acidente. Havia, é certo, o problema do piso esburacado e das lombas, dos peões e das cabras, das bicicletas e dos controles militares, mas fora isso era maravilhoso.
Que sossego, que segurança.
Não admira que me tenha sentido muito seguro. É fácil quando cumprimos as regras, e as regras eram claras. Podíamos circular livremente dentro do hotel. Fora do perímetro do hotel, que estava estrategicamente implantado numa pequena ilha, teríamos de estar SEMPRE acompanhados pelos nossos guias locais.
A Coreia do Norte é fixe, mas nas minhas próximas férias vou para um país democrático. Para desenjoar!
- CARLOS ABRANTES

Quando a governança vira cartel - Parte V
Mostramos, antes de terminar esta rubrica, as 13 baixas de Ministros e Secretários de Estado deste governo da maioria absoluta do Partido Socialista (PS):
1 - Sara Guerreiro, Secretaria de Estado da Igualdade e Migrações – Baixa em 2-5-2022.
2 - Marta Temido, Ministra da Saúde - Baixa em 30-08-2022.
3 - Fátima Fonseca, Secretária de Estado da Saúde - Baixa em 30-8-2022.
4 - António Lacerda Sales, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde - Baixa em 30-8-2022.
5 - Miguel Alves, Secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro - Baixa em 10-11-2022.
6 - Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo - Baixa em 29-11-2022.
7 - João Neves, Secretário de Estado Adjunto e da Economia - Baixa em 29-11-2022.
8 - Alexandra Reis, Secretária de Estado do Tesouro - Baixa em 27-12-2022.
9 - Marina Gonçalves, Secretária de Estado da Habitação - Baixa em 29-12-2022.
10 - Pedro Nuno Santos, Ministro das Infraestruturas e da Habitação - Baixa em 29-12-2022.
11 - Hugo Santos Mendes, Secretário de Estado das Infraestruturas - Baixa em 29-12-2022.
12 - Rui Martinho, Secretário de Estado da Agricultura - Baixa em 4-1-2023.
13 - Carla Alves, Secretária de Estado da Agricultura - Baixa em 5-1-2023.
Tinha razão o Costa quando pediu a maioria absoluta.
O Marajá de São Bento nem precisa, sequer, de negociar à esquerda ou à direita para se tornar num autêntico rei-sol. O Estado sou eu!
Economia: Tortec inaugurou primeira fábrica no Parque Empresarial do Casarão
A Tortec - Tornearia e Peças Técnicas, do Grupo Ciclo-Fapril, inaugurou, na passada sexta-feira, dia 4 de Dezembro, as suas novas instalações no Parque Empresarial do Casarão e será a primeira empresa a instalar-se no novo polo industrial do município.
Carla Santos, directora financeira da Ciclo-Fapril, começou por relevar o desempenho do presidente do município, Gil Nadais, e do seu executivo, que, “em bom rigor, foram os impulsionadores por termos aqui edificado as instalações da Tortec”.
“Mais do que o projecto Tortec, há que enaltecer o esforço e a determinação do presidente da Câmara em fazer de Águeda uma cidade de indústria, de academia e de turismo”, salientou Carla Santos.
“Muito nos honra estar a viver este momento histórico de viragem na dinâmica industrial de Águeda, pois com toda a certeza o concelho vai reflectir a criação de valor que as empresas aqui instaladas vão gerar”, observou a directora financeira da Ciclo-Fapril.
Carla Santos considerou que o facto da Tortec ter sido a primeira empresa a edificar no Parque Empresarial do Casarão, resultou em “dificuldades acrescidas”, sublinhando, em particular, o desempenho do administrador Samuel Santos e do sócio Vitor Antunes, e de “todos os que nos ajudaram a realizar este projecto”.
“Aos nossos colegas de trabalho, esperamos que o transtorno da mudança (que será concretizada na segunda quinzena deste mês) seja superado pelo conforto que estas instalações vos venham a proporcionar. Sabemos que estão motivados com o nosso projecto de trabalho e contamos convosco para dar alma a este edifício”, sublinhou Carla Santos.

Dia muito especial
para Gil Nadais
O presidente da Câmara Municipal de Águeda, Gil Nadais, referiu-se a “um dia, muito, muito especial”, considerando que o Parque Empresarial do Casarão foi um projecto “muito sofrido, muito laborioso e só possível graças à colaboração de muitas pessoas”, destacando o trabalho “inexcedível” do aguadense António Figueira, e o desempenho “fundamental” do vereador João Clemente.
O autarca lembrou que “foram adquiridos mais de um milhão de metros quadrados de terrenos” e anunciou que “mais empresas pretendem vir para o Parque Empresarial do Casarão”, pelo que será necessário adquirir mais terrenos.
Gil Nadais anunciou que “o LIDL irá começar a construir, em 2016”, o seu entreposto logístico, e que durante o próximo ano estarão concluídas as estruturas da Triangle´s e da Sakthi (primeiro pavilhão), para relevar um projecto que, disse, “me custou, pessoalmente, alguns comentários mais acintosos”.



Jorge Almeida está esperançado em "derrotar" a Socibeiral no Tribunal
O presidente da Câmara Municipal de Águeda, Jorge Almeida, mostrou-se confiante no diferendo judicial que opõe a autarquia à Socibeiral, relativo à construção de uma central de betão e betuminoso no Parque Empresarial do Casarão (PEC).

O líder do município foi confrontado, na passada segunda-feira, em sede de Assembleia Municipal, pelo líder da bancada do Partido Socialista (PS), José Marques Vidal, que pretendeu saber em que ponto se encontra o processo, que corre, há vários meses, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro.
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Pai Natal gigante de Águeda é candidato a maior do mundo
Um Pai Natal com 21 metros de altura e 250 mil lâmpadas LED de baixo consumo (24 volts), instalado no Largo 1º. de Maio, é a grande atracção da época natalícia, em Águeda.
O município pretende alcançar o reconhecimento pela instalação do “Maior Pai Natal do Mundo em LED's”, assente numa estrutura em alumínio, com altura de sete andares, forrada a tapy.
Para validar e confirmar a obtenção do recorde, será necessária a deslocação a Águeda de um juiz do Guinness World Records, no sentido de verificar todas as características da infraestrutura e de deliberar acerca da atribuição do recorde.
Os custos inerentes a esta candidatura, aprovada ontem (abstenção de Paula Cardoso e voto contra de Miguel Oliveira), dia 1, na reunião do executivo, são de aproximadamente 10.000 euros.
O Pai Natal, sentado numa caixa de presente de 9 por 12 metros, pode ser visitado até ao dia 11 de Janeiro, e a sua instalação obrigou a um investimento de 49.200 euros.
No passado sábado, 28 de Novembro, o presidente do município, Gil Nadais, deu luz às estruturas espalhadas pela cidade que assinalam o Natal, num momento acompanhado por centenas de pessoas.






Samuel Vilela no Conselho Nacional de Juventude
Samuel Vilela, presidente da JSD de Águeda, foi nomeado para a direcção do Conselho Nacional de Juventude (CNJ), assumindo a pasta das Relações Internacionais e a representação nacional junto de instâncias europeias e internacionais.
O CNJ é a plataforma representativa das organizações de juventude a nível nacional, abrangendo as mais diversas expressões do associativismo juvenil (culturais, estudantis, partidárias, ambientais, escutistas, sindicalistas e confessionais).
Samuel Vilela, de 26 anos, encontra-se a frequentar um programa de Doutoramento na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e conta já com uma vasta experiência ao nível associativo e político.
Já presidiu ao Núcleo de Estudantes de Relações Internacionais, foi vice-presidente da Associação Académica de Coimbra e membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra.
James Arthur está confirmado no Agitágueda 2015
O Agitágueda deste ano vai ter lugar de 4 a 26 de Julho, estando já confirmados os concertos dos D.A.M.A. (dia 4 de Julho), Paulo Gonzo (11), Selah Sue (17), Jimmy P (24) e James Arthur (26), cuja contratação foi aprovada na reunião camarária de ontem, dia 7 de Abril. O executivo aprovou, também, a contratação dos serviços de vigilância e segurança, com ajuste directo à empresa Protek, e o regulamento de participação nos Talentos Agitágueda.