A cidade que não se celebra
Águeda foi elevada à categoria de cidade há 40 anos, a 8 de julho de 1985. A data, que marcou um passo importante na afirmação do concelho, passa ano após ano despercebida, sem lugar na festa nem com evocação pública.
Ao contrário de outros territórios que celebram com orgulho os marcos da sua história, Águeda parece alheia à sua própria memória. Será desinteresse? Falta de identidade coletiva? Ou apenas mais um reflexo da relação morna entre os que cá vivem e o lugar que habitam?
Quando Soberania do Povo saudou a nova cidade, fê-lo com entusiasmo e sentido de futuro. Reconhecia-se o dinamismo económico, a força industrial, o valor das instituições. Mas também se deixava um aviso: uma cidade constrói-se todos os dias — pelos seus comportamentos, pela cultura que promove, pelo envolvimento cívico da sua população. Quarenta anos depois, a pergunta impõe-se: o que temos feito com esse estatuto?
Na altura, havia quem desconfiasse do rótulo: “cidade de papel”, diziam alguns. Temiam que nada mudasse no essencial. Outros apontavam a ausência de espaços de lazer, de atratividade, de espírito coletivo. Hoje, além do contexto, o que mudou? E como mudou?
Celebrar datas simbólicas não é um capricho de calendário. É uma oportunidade de fazer balanços, de refletir sobre o caminho percorrido e de renovar compromissos com o futuro. Uma cidade que ignora a sua história abdica de a projetar.
Águeda não é menos cidade por não assinalar o seu aniversário. Mas talvez revele um traço que a limita: a dificuldade em reconhecer o seu valor, a sua identidade, a sua singularidade.
Águeda precisa — mais do que eventos — de se reencontrar consigo própria. De se ouvir. De se orgulhar do que construiu. De projetar com ambição o que pode ser. E isso começa por lembrar, por celebrar, por não excluir nem deixar cair no esquecimento as datas que fazem parte da sua narrativa.
A cidade, que há 40 anos dizia ser o País mas procurava o futuro, não pode, hoje, desistir da memória. E, tal como há 40 anos, não pode “andar de costas viradas uns para os outros”.
Ao contrário de outros territórios que celebram com orgulho os marcos da sua história, Águeda parece alheia à sua própria memória. Será desinteresse? Falta de identidade coletiva? Ou apenas mais um reflexo da relação morna entre os que cá vivem e o lugar que habitam?
Quando Soberania do Povo saudou a nova cidade, fê-lo com entusiasmo e sentido de futuro. Reconhecia-se o dinamismo económico, a força industrial, o valor das instituições. Mas também se deixava um aviso: uma cidade constrói-se todos os dias — pelos seus comportamentos, pela cultura que promove, pelo envolvimento cívico da sua população. Quarenta anos depois, a pergunta impõe-se: o que temos feito com esse estatuto?
Na altura, havia quem desconfiasse do rótulo: “cidade de papel”, diziam alguns. Temiam que nada mudasse no essencial. Outros apontavam a ausência de espaços de lazer, de atratividade, de espírito coletivo. Hoje, além do contexto, o que mudou? E como mudou?
Celebrar datas simbólicas não é um capricho de calendário. É uma oportunidade de fazer balanços, de refletir sobre o caminho percorrido e de renovar compromissos com o futuro. Uma cidade que ignora a sua história abdica de a projetar.
Águeda não é menos cidade por não assinalar o seu aniversário. Mas talvez revele um traço que a limita: a dificuldade em reconhecer o seu valor, a sua identidade, a sua singularidade.
Águeda precisa — mais do que eventos — de se reencontrar consigo própria. De se ouvir. De se orgulhar do que construiu. De projetar com ambição o que pode ser. E isso começa por lembrar, por celebrar, por não excluir nem deixar cair no esquecimento as datas que fazem parte da sua narrativa.
A cidade, que há 40 anos dizia ser o País mas procurava o futuro, não pode, hoje, desistir da memória. E, tal como há 40 anos, não pode “andar de costas viradas uns para os outros”.